quarta-feira, 11 de junho de 2025

PRODUÇÃO DE TEXTO - MICROPROPOSTAS PARA EXERCÍCIO DE PRODUÇÃO DE TEXTO


EXERCÍCIO DE PRODUÇÃO DE TEXTO 

🙋PROPOSTA 1


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, anunciou nesta quarta-feira (18) o lançamento da campanha “O que você tem a ver com isso?”, de combate ao capacisitmo – atitudes e práticas que subestimam a capacidade das pessoas com deficiência. “O capacitismo está em toda a sociedade, e essa campanha traz a reflexão do papel da família, da escola, do Estado, das empresas, da polícia e, principalmente, do Poder Judiciário no enfrentamento à discriminação contra as pessoas com deficiência no país”, afirmou o ministro.

A prática também é tipificada como crime e pode resultar em pena de um a três anos e multa, conforme o artigo 88 da Lei Brasileira de Inclusão, ou Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015).

Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2022, Barroso observou que o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência. A taxa de participação da força de trabalho entre pessoas sem deficiência foi de 66,4%, enquanto entre as pessoas com deficiência ela cai para 29,2%. Segundo ele, no Judiciário esses números são ainda menores. “Apenas 0,8% de magistrados e 2,9% de servidores são pessoas com deficiência”, informou.

Disponível em: https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-e-cnj-lancam-campanha-de-combate-ao-capacitismo/ Acesso em: 11 jun. 2025.

Capacitismo: o que é, como combater e por que é tão importante falar sobre o tema

Dados do Disque 100 revelam que em 2023 mais de 394 mil violações de direitos humanos contra pessoas com deficiência foram registradas no Brasil

Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2024/janeiro/capacitismo-o-que-e-como-combater-e-por-que-e-tao-importante-falar-sobre-o-tema#:~:text=Considerada%20uma%20das%20mais%20recorrentes,exerc%C3%ADcio%20da%20cidadania%20dessas%20pessoas. Acesso em: 11 jun. 2025.

DE 👀 NO REPERTÓRIO:

LEI 
Art. 88 da Lei Brasileira de Inclusão, ou Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015).

FILMES:
(1) EXTRAORDINÁRIO => LINK => Trailer do filme

(2) CODA: NO RITMO DO CORAÇÃO => LINK => Trailer do filme

LIVRO:

CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. Tradução de Mana Tereza Redig de Carvalho Barrocas. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009. 

🙋PROPOSTA 2

Menos de 2% das crianças pobres no Brasil atingem a renda dos mais ricos

Apesar de avanços na educação, 2/3 dos 50% mais pobres continuam iguais ao país

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/06/menos-de-2-das-criancas-pobres-no-brasil-atingem-a-renda-dos-mais-ricos.shtml Acesso em: 11 jun. 2025.

DE 👀 NO REPERTÓRIO

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

LIVRO:

DIMENSTEIN, Gilberto, 1956- O cidadão de papel : a infância, a adolescência e os Direitos Humanos no Brasil / Gilberto Dimenstein. - 24.ed. - São Paulo : Ática, 2012. 168p. : il. 

"Percebemos a ausência de cidadania, por exemplo, quando uma sociedade gera uma criança de rua. Ela é o sintoma mais agudo da crise social. Os pais são pobres e não conseguem garantir a educação dos filhos, que muitas vezes são obrigados a trabalhar desde crianças. Por isso esses filhos, quando crescem, vão continuar pobres, já que sem formação educacional é difícil arrumar bons empregos. E os filhos de seus filhos também não terão condições de progredir. Então surge a pergunta: a família é pobre porque não conseguiu estudar ou é porque não estudou que continua pobre?

Esse círculo vicioso não atinge só os que têm menos dinheiro. Revela uma sociedade que fecha oportunidade a todos, inclusive a você" Dimenstein (2012, p. 10).

🙋PROPOSTA 3

ONU celebra Dia Mundial dos Oceanos com apelo a governos do mundo

Este 8 de junho é o Dia Mundial dos Oceanos. Juntos, eles produzem pelo menos 50% do oxigênio do planeta.

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, a data serve para soar o alerta a governos em todo o mundo sobre fazer mais para proteger os mares. Os oceanos fornecem ar, alimentos, empregos e um clima do qual se depende.

A poluição plástica, no entanto, está acabando com cardumes, levando à perda de ecossistemas marinhos assim como ao aumento da temperatura que eleva o nível do mar.

Comunidades costeiras e Estados litorâneos

Segundo a ONU, pelo menos 40 milhões de pessoas deverão ser empregadas na indústria oceânica até 2030.

Guterres defende investimentos massivos na ciência, na conservação e na economia azul sustentável além de ampliar o apoio às comunidades costeiras, pessoas indígenas e aos Pequenos Estados-Ilha, que já sofrem com as consequências da mudança climática.

Os mares absorvem 30% do carbono gerado por seres humanos sendo um grande aliado na luta contra as alterações do clima.

O secretário-geral lembra que é preciso proteger a biodiversidade marinha, rejeitando práticas que levaram a danos irreparáveis. A proposta de Guterres é de que os países cumpram as promessas previstas no Acordo de Biodiversidade Além da Jurisdição Nacional.

A Conferência dos Oceanos começa nesta segunda-feira, 9 de junho, em Nice, na França. Para a ONU, o evento será uma oportunidade de avançar com as prioridades e a renovar os compromissos coletivos de proteção dos oceanos.

 Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2025/06/1849231 Acesso em: 11 jun. 2025.

PODCAST - G1 Globo => Natuza Nery

DE 👀 NO REPERTÓRIO:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

DO MEIO AMBIENTE 

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

RÁDIO AGÊNCIA BRASIL

COSTA BRASILEIRA ESTÁ ENTRE AS 20 MAIS EXTENSAS DO MUNDO

"Com uma extensão litorânea superior a 10 mil quilômetros,o Brasil está entre os 20 países com o maior litoral do mundo. Porém todo esse potencial ainda é subaproveitado.

A Amazônia Azul - como é chamada a área marinha brasileira com 5,7 milhões de quilômetros quadrados- equivale a dois terços do território continental e abriga alta biodiversidade em uma grande variedade de habitats.

Esses e outros dados estão no mais completo levantamento já realizado sobre o tema, o "1o Diagnóstico Brasileiro Marinho-Costeiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos" lançado nesta terça feira (23) pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e serviços Ecossistêmicos e pela Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano..."

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/meio-ambiente/audio/2023-11/costa-brasileira-esta-entre-20-mais-extensas-do-mundo Acesso em: 11 jan. 2025.


🙋PROPOSTA 4

Disponível em: https://grupoparanacomunicacao.com.br/casos-de-intolerancia-e-discursos-de-odio-batem-recordes-nas-re Acesso em: 12 jun. 2025.


MAIORIA DO STF VOTA A FAVOR DA RESPONSABILIZAÇÃO DAS REDES

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2025-06/maioria-do-stf-vota-favor-da-responsabilizacao-das-redes-sociais Acesso em: 12 jun. 2025.

PODCAST - G1 Globo => Natuza Nery

LINK AQUI => PODCAST - OS CAMINHOS PARA A RESPONSABILIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS 

DE 👀 NO REPERTÓRIO:

LINK AQUI => MARCO CIVIL DA INTERNET


🙋PROPOSTA 5


Disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/geracao-nem-nem-ja-soma-11-milhoes-de-jovens Acesso em: 15 jun. 2025.

NÚMERO DE JOVENS NEM-NEM CAI PARA 10,3 MILHÕES, O MENOR JÁ REGISTRADO

Ainda assim, 21,2% dos brasileiro que têm entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham. Nos domicílios mais pobres, percentual chega à metade 

O Globo, 4/12/2024.

Atenção! NEM-NEM é um neologismo usado para designar um determinado grupo social que não trabalha nem estudam formalmente. Nesse sentindo, evitem o uso do termo nesta primeira experiência de produção textual. 

POR QUE O BRASIL AINDA TEM TANTOS JOVENS QUE NÃO FAZEM NADA?

Estadão, 15/06/2025.

DE 👀 NO REPERTÓRIO:

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



domingo, 8 de junho de 2025

LITERATURA - REALISMO E NATURALISMO


 🙋EXERCÍCIO 

01. “Queria dizer aqui o fim do Quincas Borba, que adoeceu também, ganiu infinitamente, fugiu desvairado em busca do dono, e amanheceu morto na rua, três dias depois. Mas, vendo a morte do cão narrada em capítulo especial, é provável que me perguntes se ele, se o seu defunto homônimo é que dá o título ao livro, e por que antes um que outro, - questão prenhe de questões, que nos levariam longe... Eia! chora os dous recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso, ri-te! É a mesma cousa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens."

Machado de Assis

Machado de Assis filia-se (e o trecho é exemplo disso) ao estilo de época do:

a) Arcadismo

b) Romantismo

c) Realismo👀

d) Simbolismo

e) Modernismo.

02. A PEDREIRA

Daí à pedreira, restavam apenas uns cinquenta passos e o chão era já todo coberto por uma farinha de pedra moída que sujava como a cal.

Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores, uns ao sol, outros debaixo de pequenas barracas feitas de lona ou de folha de palmeira. De um lado cunhavam pedra cantando; de outro a quebravam a picareta; de outro afeiçoavam lajedos a ponta de picão; mais adiante faziam paralelepípedos a escopro e macete. E todo aquele retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o corpo dos que lá em cima brocavam a rocha para lançar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que vinha do cortiço, como de uma aldeia alarmada; tudo dava a ideia de uma atividade feroz, de uma luta de vingança e de ódio. Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, a quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de demônios revoltados na sua impotência contra o impassível gigante que os contemplava com desprezo, imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso, deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito. O membrudo cavouqueiro havia chegado à fralda do orgulhoso monstro de pedra; tinha-o cara a cara, mediu-o de alto a baixo, arrogante, num desafio surdo.

A pedreira mostrava nesse ponto de vista o seu lado mais imponente. Descomposta, com o escalavrado flanco exposto ao sol, erguia-se altaneira e desassombrada, afrontando o céu, muito íngreme, lisa, escaldante e cheia de cordas que, mesquinhamente, lhe escorriam pela ciclópica nudez com um efeito de teias de aranha. Em certos lugares, muito alto do chão, lhe haviam espetado alfinetes de ferro, amparando, sobre um precipício, miseráveis tábuas que, vistas cá de baixo, pareciam palitos, mas em cima das quais uns atrevidos pigmeus de forma humana equilibravam-se, desfechando golpes de picareta contra o gigante.

(AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. 25a ed. São Paulo. Ática, 1992, 48-49)

Com relação aos romances naturalistas, a exemplo do fragmento de texto apresentado anteriormente, classifique as sentenças como verdadeiras (V) ou falsas (F).

( V  ) Retratam fatos que a sociedade procura ocultar.

( V  ) O meio ambiente é preponderante e determinante no comportamento do personagem.

F ) O enredo é carregado de determinismo e fatalismo.

F ) O meio social, a hereditariedade, os instintos determinam os conflitos e a vida do homem.

( V  ) Personagens humildes são fotografados em situações chocantes para o leitor da época.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.

a) V, V, F, F, V👀

b) F, V, F, V, V

c) F, F, V, V, F

d) V, F, F, V, V

e) V, F, V, V, F

03. A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913).

O cortiço

Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

Os sinos da vizinhança começaram a badalar.

E tudo era um clamor.

A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.

Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas.

(Aluísio Azevedo. O cortiço)

Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em

a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo.👀

b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos...

d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.

e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada...

04. A valsa é uma deliciosa cousa. Valsamos; não nego que, ao aconchegar ao meu corpo aquele corpo flexível e magnífico, tive uma singular sensação, uma sensação de homem roubado. (...)

Cerca de três semanas depois recebi um convite dele [Lobo Neves, marido de Virgília] para uma reunião íntima. Fui; Virgília recebeu-me com esta graciosa palavra: - O senhor hoje há de valsar comigo. Em verdade, eu tinha fama e era valsista emérito; não admira que ela me preferisse. Valsamos uma vez, e mais outra vez. Um livro perdeu Francesca; cá foi a valsa que nos perdeu. Creio que nessa noite apertei-lhe a mão com muita força, e ela deixou-a ficar, como esquecida, e eu a abraçá-la, e todos com os olhos em nós, e nos outros que também se abraçavam e giravam ... Um delírio.

Machado de Assis

Obs.: o amor luxurioso entre Francesca da Rimini e Paolo Malatesta obriga Dante Alighieri a colocá-los no Inferno, em sua Divina Comédia. O livro que os perdeu é a narrativa do amor adulterino de Lancelote do Lago e Ginebra, mulher do Rei Artur - uma novela de cavalaria pertencente ao ciclo bretão.

Em texto sobre O primo Basílio, de Eça de Queirós, Machado de Assis afirma: “o tom carregado das tintas, que nos assusta, para ele é simplesmente o tom próprio”. Assinala que o escritor português já provocara admiração dos leitores com O crime do Padre Amaro e acrescenta: “Pois que havia de fazer a maioria, senão admirar a fidelidade de um autor, que não esquece nada, e não oculta nada? Porque a nova poética é isto, e só chegará à perfeição no dia em que nos disser o número exato dos fios de que se compõe um lenço de cambraia ou um esfregão de cozinha.”

Considerados o estilo de Machado e seu contexto, deve-se compreender as palavras acima destacadas como

a) elogio a uma prática inovadora que o autor brasileiro adotou desde a obra inicial, tornando-se o maior representante do Realismo no Brasil.

b) recusa do Realismo entendido como reprodução fotográfica, que não propicia a escolha dos detalhes mais significativos de uma situação ou perfil humano.👀

c) crítica à “velha poética”, que, mais sutil, mais sugeria do que explicitava, negando-se a descrições detalhadas.

d) negação dos procedimentos típicos dos escritores românticos, que, evitando a observação da realidade, em nada podiam contribuir para a formação da consciência da nacionalidade.

e) elogio ao público pelo reconhecimento do valor do escritor português, fiel à descrição e avaliação da sociedade burguesa que retrata em suas obras.

05. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao Romantismo está transcrita na alternativa:

a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ...👀

b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...

c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ...

d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ...

e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

06. O poeta francês Charles Baudelaire, citado por Ferreira Gullar, escreveu em “As Flores do Mal” os famosos versos (traduzidos):

Como longos ecos que ao longe se confundem

Em uma tenebrosa e profunda unidade,

Vasta como a noite e como a claridade,

Os perfumes, as cores e os sons...

Esses versos traduzem algo de influência destacada na literatura brasileira nos fins do século XIX. Trata-se da:

a) “torre-de-marfim”, lugar isolado e distante dos problemas sociais e existenciais, para onde se refugiavam os parnasianos.

b) “teoria do Humanitismo”, princípio norteador das personagens machadianas, no qual prevalece a lei do mais forte.

c) “teoria das correspondências”, relação entre as diferentes esferas dos sentidos, ideário tão fundamental aos simbolistas.👀

d) “poesia marianista”, poemas de culto e exaltação a Virgem Maria (figura que se confunde com a amada do poeta).

e) “poesia pau-brasil”, poesia de exportação que resgata o primitivismo cultural.

07. Sobre O cortiço e O alienista NÃO é correto afirmar que:

a) São textos literários que demonstram criticamente os impasses da modernidade nascente no Brasil, suas contradições e suas problemáticas relações de classe e poder.

b) Representam um olhar ainda dependente das verdades científicas e intelectuais vindas da Europa, sobretudo da França, por isso são obras secundárias de seus autores, que só posteriormente alcançariam a “maioridade” literária.👀

c) Estão na alvorada de uma dimensão verdadeiramente crítica da literatura brasileira, não se filiando servilmente aos padrões literários, e políticos, impostos pela Europa, nem tampouco ao idealismo ingênuo dos românticos.

d) Cada um a seu modo, não se enquadram no pedantismo e na linguagem bacharelesca de seus contemporâneos. Lutam, ao contrário, por uma língua portuguesa mais direta e menos artificial.

e) São exemplos do realismo internacional que tomou conta da literatura do ocidente a partir da década de 1850, sem deixarem de ser autores inseridos na problemática especificamente brasileira do Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX.

08. Sobre o Realismo, assinale a alternativa INCORRETA.

a) O Realismo surgiu na Europa, como reação ao Naturalismo.👀

b) O Realismo e o Naturalismo têm as mesmas bases, embora sejam movimentos diferentes.

c) O Realismo surgiu como consequência do cientificismo do século XIX.

d) Gustave Flaubert foi um dos precursores do Realismo. Escreveu Madame Bovary.

e) Emile Zola escreveu romances de tese e influenciou escritores brasileiros.

09. Tendo em vista as diferenças entre O primo Basílio e Memórias póstumas de Brás Cubas, conclui-se corretamente que esses romances podem ser classificados igualmente como realistas apenas na medida em que ambos

a) aplicam, na sua elaboração, os princípios teóricos da Escola Realista, criada na França por Émile Zola.

b) se constituem como romances de tese, procurando demonstrar cientificamente seus pontos de vista sobre a sociedade.

c) se opõem às idealizações românticas e observam de modo crítico a sociedade e os interesses individuais.👀

d) operam uma crítica cerrada das leituras romanescas, que consideram responsáveis pelas falhas da educação da mulher.

e) têm como objetivos principais criticar as mazelas da sociedade e propor soluções para erradicá-las.

10. Na obra-prima que é o romance O CORTIÇO,

a) podemos surpreender as características básicas da prosa romântica: narrativa passional, tipos humanos idealizados, disputa entre o interesse material e os sentimentos mais nobres.👀

b) as personagens são apresentadas sob o ponto de vista psicológico, desnudando-se ante os olhos do leitor graças à delicada sutileza com que o autor as analisa e expressa.

c) o leitor é transportado ao doloroso universo dos miseráveis e oprimidos migrantes que, tangidos pela seca, abrigam-se em acomodações coletivas, à espera de uma oportunidade.

d) vemos renascer, na década de 30 do nosso século, uma prosa viril, de cunho regionalista, atenta às nossas mazelas sociais e capaz de objetivar em estilo seco parte de nossa dura realidade.

e) consagra-se entre nós a prosa naturalista, marcada pela associação direta entre meio e personagens e pelo estilo agressivo que está a serviço das teses deterministas da época.

11. Considere as seguintes afirmações do crítico literário Antonio Candido, sobre O cortiço, de Aluísio de Azevedo:

I. A perspectiva naturalista ajuda a compreender o mecanismo d’O cortiço, porque o mecanismo do cortiço nele descrito é regido por um determinismo estrito, que mostra a natureza (meio) condicionando o grupo (raça) e ambos definindo as relações humanas na habitação coletiva. Mas esta força determinante de fora para dentro é contrabalançada e compensada por uma força que atua de dentro para fora: o mecanismo de exploração do português, que rompe as contingências e, a partir do cortiço, domina a raça e supera o meio. O projeto do ganhador de dinheiro aproveita as circunstâncias transformando-as em vantagens, e esta tensão ambígua pode talvez ser considerada um dos núcleos germinais da narrativa.

II. No começo é como se o cortiço fosse regido por lei biológica; entretanto a vontade de João Romão parece ir atenuando o ritmo espontâneo, em troca de um caráter mais mecânico de planejamento. Ele usa as forças do meio, não se submete a ela; se o fizesse, perderia a oportunidade de se tornar capitalista e se transformaria num episódio do processo natural, como acontece com seu patrício Jerônimo, que opta pela adesão à terra e é tragado por ela.

III. Neste livro a natureza do Brasil é interpretada de um ângulo curiosamente colonialista (para usar anacronicamente a linguagem de agora) como algo incompatível com as virtudes da civilização. Daí o homem forte, o estrangeiro ganhador de dinheiro estar sempre vigilante, como única solução, de chicote em punho e as distâncias marcadas com o nativo.

É pertinente ao romance de Aluísio de Azevedo:

a) Apenas I e II

b) Todas as afirmações👀

c) Apenas I e III

d) Apenas II e III

e) Nenhuma afirmação

 


II TRIMESTRE - 2025 - LÍNGUA PORTUGUESA

 


CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 

Práticas e processos de produção de gêneros, orais e escritos, do campo de atuação na vida pública produzidos em ambientes digitais ou não. Propósito comunicativo: interlocutores, suporte, especificidades e regularidades dos gêneros; Apreciação e réplica. Contexto de produção, recepção e circulação de gêneros das culturas juvenis; Especificidades linguístico-discursivas dos gêneros que compõem os letramentos de reexistência: hip hop, grafite, repente, slams, cordel etc.

Contexto de produção, circulação e recepção de textos do campo de práticas de estudo e pesquisa (relatório, relatório multimidiático de campo, reportagem científica, mapas dinâmicos etc.) Ideias principais e secundárias; palavras-chave. Produção de resumo e resenha; Curadoria de informação; Especificidades dos gêneros de divulgação científica: linguagem; mídias, recursos multissemióticos e efeitos de sentido. Apreciação e réplica; Seleção vocabular e efeitos de sentido. Inferências e implícitos (pressupostos e subentendidos); Modalizadores. Estratégias argumentativas. Condições de produção, circulação e recepção de diversos autores(as), gêneros e estilos da literatura brasileira e ocidental, canônicos ou não. Especificidades da linguagem literária; Recursos linguísticos, multissemióticos e efeitos de sentido. Práticas de letramento literário; Realismo; Naturalismo. Parnasianismo. Contexto de produção, circulação e recepção de textos literários; Intertextualidade e interdiscursividade. Práticas de letramento literário. Planejamento e (re)textualização (produção, revisão, edição), considerando especificidades dos textos. Contexto de produção, recepção e circulação; Aspectos linguísticos, semânticos, multissemióticos e efeitos de sentido. Práticas de oralidade: escuta atenta, turno e tempo de fala; tomada de nota; réplica (posicionamento responsável em relação a temas, visões de mundo e ideologias veiculados por textos e atos de linguagem). Estratégias linguísticas típicas de negociação e de apoio e/ou de consideração do discurso do outro; Estratégias típicas de negociação. Polidez linguística. Curadoria de informações. Gêneros textuais: resumo e resenha. Marcas do discurso reportado e de citações. Leitura e análise das especificidades de gêneros de divulgação científica; Contexto de produção, circulação e recepção de textos de apresentações orais. Especificidades de softwares e aplicativos de apresentação (visão crítica). Tratamento de conteúdos. Recursos linguísticos, multissemióticos e efeitos de sentido; Contexto de produção, circulação e recepção de textos do campo jornalístico-midiático.

Projetos editoriais, suas especificidades linguísticas, semânticas, multissemióticas e efeitos de sentido. Curadoria da informação. Critérios de curadoria: evidências, fontes, contexto, propósito, atualidade, relevância, autoridade; Regularidades das fake news (manchetes sensacionalistas, ausência de fontes etc.) e das marcas de radicalização do discurso (generalizações, usos de chavões e expressões feitas, desconsideração do lugar e da perspectiva do outro); Apreciação e réplica.

ATENÇÃO! Darei maior ênfase aos assuntos em negrito.

sábado, 10 de maio de 2025

LER E COMPREENDER - A GERAÇÃO DOPAMINA E A DEPENDÊNCIA NAS REDES DIGITAIS - II TRIMESTRE - 2025 - Modernidade líquida - Bauman - Nação dopamina - Anna Lembke - Sociedade do cansaço - Byung-Chul Han

 




Gratificação rápida é um dos fatores que podem explicar a dependência das redes sociais

Para Jackson Bittencourt, os aplicativos são desenvolvidos com o objetivo de produzir um sentimento de necessidade que deixa o indivíduo mais tempo conectado às redes sociais

Músicas, danças, dublagens e curiosidades são conteúdos populares associados ao TikTok, aplicativo de celular mais baixado do mundo nos últimos anos, contabilizando mais de 670 milhões de downloads apenas em 2022. No Brasil, de acordo com levantamento realizado pelo DataReportal, mais de 80 milhões de pessoas são usuárias do programa.

Jackson Bittencourt, professor do Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), explica como o uso da rede social está relacionado com a dopamina e as emoções do ser humano.

 

Transmissor da felicidade

 

A dopamina é um neurotransmissor que, como qualquer outro, é responsável por transmitir as informações de um neurônio para o próximo, isto é, são os mensageiros do cérebro. Mas, de forma singular, ela está associada aos hormônios da felicidade, provocando sensações de prazer, satisfação, motivação e, também, atuando nos processos cognitivos.

“Ela é sintetizada em alguns neurônios de grupamentos celulares diferentes no nosso cérebro. Cada um deles tem uma responsabilidade funcional, a partir da Área Tegmental Ventral, que produz neurônios dopaminérgicos e se projeta para o córtex cerebral, onde damos conta das coisas gratificantes”, explica o especialista. 

 

Aplicativos  dopaminérgicos

 

Segundo um estudo, publicado na revista científica NeuroImage, existem áreas do cérebro humano que são ligadas a um sistema de recompensa. Nesse sentido, aplicativos como o TikTok e o Instagram são responsáveis por ativar esse conjunto por meio dos seus vídeos e produzem uma sensação de satisfação momentânea.

Conforme Bittencourt, essas imagens gratificantes remetem o indivíduo a alguma relação com memórias afetivas, podendo ser cor, movimento ou som. Ele compara com a situação de quando uma pessoa entra em determinado lugar, sente o cheiro de algum alimento que fez parte da sua infância e fica com vontade de consumi-lo, muitas vezes por conta de momentos felizes com sua família ou amigos.

Em especial, esses programas de celulares possuem vídeos curtos, com edições aceleradas e músicas populares e um algoritmo pessoal, ou seja, são personalizadas com base em antigas interações do usuário. Dessa forma, o professor explica que essa gratificação rápida deixa o indivíduo mais tempo ligado no aplicativo por conta da facilidade no prazer: “O elemento físico depende de atenção, raciocínio, julgamento e abstração, é algo mais demorado. Esse prazer vai ser consolidado posteriormente e não imediatamente como nos aplicativos”.

  

Vício proposital

 

Segundo Bittencourt, as empresas criaram os aplicativos com o objetivo de produzir um sentimento de necessidade no indivíduo, de forma que eles não consigam trocá-lo. A partir disso, a inteligência artificial divulga informações e propagandas daquilo que os usuários já consumiram para que eles se sintam cada vez mais ligados à rede.

“Eu estou procurando uma viagem e imediatamente recebo propagandas de diversas companhias que estão promovendo pacotes. Essa dependência foi criada pela empresa, essa informação está na nuvem”, exemplifica. Essa realidade é a mesma para com as redes, que muitas vezes, ao terminar de assistir um vídeo, é recomendado um próximo do mesmo tema.

Por fim, Bittencourt afirma que combater a “ditadura algorítmica” é um território perigoso, pois pode adentrar o âmbito da censura, caso não seja realizado da maneira correta. No entanto, ele ressalta que isso precisa ser regulamentado de alguma forma: “Precisamos que essas informações sejam melhor gerenciadas, medidas são e serão necessárias para evitar esse tipo de problema”, avalia.

 

Disponível em: https://jornal.usp.br/radio-usp/gratificacao-rapida-e-um-dos-fatores-que-podem-explicar-a-dependencia-das-redes-sociais/ Acesso em: 28 abr. 2025.

Responda:

01.  O que legitima a assertiva de que dopamina e emoções humanas estão relacionadas aos conteúdos digitais?

02.  Campo semântico e seleção lexical conduzem o leitor ao entendimento de que o texto é especializado? Explique.

03.  Sobre coesão e coerência, explique a predominância da função sintática da partícula “que”, do pronome relativo “onde” e da reposição “para” (este último no lide) e esclareça o desdobramento desses termos no plano semântico para a produção de sentido.

04.  De que forma a “geração dopamina” lida com os problemas mais instigantes da humanidade hoje relativos à geopolítica e a  uma série de contingências, como fome, seca, falta de insumos etc.?

05.  Por que há recorrência de orações subordinadas adverbiais conformativas nos parágrafos 5º e 6º?

06.  No livro “Nação dopamina”, de Anna Lembke, encontramos uma discussão sobre a relação entre prazer e excesso e fuga da dor. Nele, a autora explica a neurociência da recompensa relacionada a formas de burlar a dor com incentivos a vantagens emocionais, principalmente aquelas oriundas dos apelos capitalistas (hoje ofertados pelas redes digitais), que trazem por consequência ansiedade, depressão e outros problemas de ordem emocional. Diante disso, comente o pensamento de Anna Lembke frente à ideia central do texto "Gratificação rápida é um dos fatores que podem explicar a dependência das redes sociais".

07.  Byung-Chul Han, em seu livro Sociedade do cansaço, afirma que “o excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e impulsos. Modifica radicalmente a estrutura e economia da atenção. Com isso se fragmenta e destrói a atenção. Também a crescente sobrecarga de trabalho torna necessária uma técnica específica relacionada ao tempo e à atenção, que tem efeitos novamente na estrutura da atenção” Han (2017, p. 31). Diante dessa afirmação, de que forma o multitasking (multitarefas) apavora e sobrecarrega as pessoas retirando-as do convívio humano normal levando-as à dependência digital?

08.  Byung-Chul Han revela, no mesmo livro Sociedade do cansaço, que “o sujeito do desempenho esgotado, depressivo está, de certo  modo, desgastado consigo mesmo. Está cansado, esgotado de si mesmo, de lutar consigo mesmo. Totalmente incapaz de sair de si, estar lá fora, de confiar no outro, no mundo, fica se remoendo, o que paradoxalmente acaba levando a autoerosão a ao esvaziamento. Desgasta-se numa roda de hamster que gira cada vez mais rápida ao redor de si mesma” (HAN, 2017, p. 91). Nesse entendimento, por que atrativos da cultura de massa, como: conteúdos de baixa qualidade, séries, jogos e literatura de autoajuda (igualmente tida como de massas) assumem o protagonismo para “suprir” o déficit emocional (ou até existencial) da sociedade hodierna?

01.  Zygmunt Balman – em seu livro Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria – adverte que: “a instabilidade dos desejos e a insaciabilidade das necessidades, assim como a resultante tendência ao consumo instantâneo e à remoção, também instantânea, de seus objetos, harmonizam-se bem com a nova liquidez do ambiente em que as atividades existenciais foram inscritas e tendências a ser conduzidas no futuro possível” (BALMAN, 2008, p. 44). Diante desse pensamento do sociólogo, comente a relação entre a ideia central do texto e a crítica que pode ser feita à lógica da “geração dopamina”.