segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Leitura da semana

"A mão e a luva" é um livro pertencente à fase romântica de Machado de Assis. Trata-se de um romance que revela grande conflito entre o amor e o interesse. Foi publicado em 1874. Cronologicamente, é o segundo romance escrito pelo autor. Aguardem novas considerações sobre o exemplar em questão. Leonardo Ferreira

Mestres da Literatura


Rui Barbosa foi um dos maiores expoentes intelectuais que o Brasil já teve.  Entre as mais belas páginas, das que são consideradas puramente literárias, está a antológica despedida a Machado de Assis. Leia-se:

... Eu quase não sei dizer, nem sei que mais se possa dizer, quando as mãos que se apertavam no derradeiro encontro, se separam desta para a outra parte da eternidade. Nunca ergui a foz sobre um túmulo, parecendo-me sempre que o silêncio era a linguagem de nos entendermos com o mistério dos mortos. Só o irresistível de uma vocação como a dos que chamaram para órgão desses adeuses, me abriria a boca ao pé deste jazigo. (...)

            Não é clássico da língua; não é mestre da frase; não é o árbitro das letras; não é o filósofo do romance; não é o mágico do conto; não é o joalheiro do verso, o exemplar do rival entre os contemporâneos, da elegância e da graça, do aticismo e da singeleza no conceber e no dizer; é o que soube viver intensamente da arte, sem deixar de ser bom.

            (...) Modelo foi de pureza e correção, temperança e doçura; na família, que a unidade e devoção do seu amor converteu em santuário; na carreira pública, onde se extremou pela fidelidade e pela honra; no sentimento da língua pátria, (...) na convivência dos seus colegas, dos seus amigos, em que nunca deslizou da modéstia, do recato, da tolerância, da gentileza.

            (...) Mestre e companheiro, disse eu que nos íamos despedir. Mas disse mal.  A morte não extingue: transforma; não aniquila: renova; não divorcia: aproxima. Um dia supuseste morta e separada a consorte dos teus sonhos e das tuas agonias, que te soubera pôr um mundo inteiro no recanto do teu ninho; e, todavia, nunca ela te esteve mais presente, no íntimo de ti mesmo e na expressão do teu canto, no fundo do teu ser e na face das tuas ações. (...) Para os eleitos do mundo das ideias a miséria está na decadência, e não na morte. A nobreza de uma nos preserva das ruínas da outra. (...) Ao chegar da nossa hora, em vindo a de te seguirmos um a um no caminho de todos, levando-te a segurança da justiça da posteridade, teremos o consolo de haver cultivado, nas verdadeiras belezas da tua obra, na obra dos teus livros e da tua vida, sua identidade, sua sensibilidade, sua castidade, sua humanidade, um argumento mais da existência e da infinidade dessa origem de todas as graças à onipotência de quem devemos a criação do universo e a tua, companheiro e mestre, sobre cuja transfiguração na eternidade e na glória caiam as suas bênçãos, com as da pátria, que te reclina ao seio.

 (Fragmento de Despedida da Academia a Machado de Assis – Casa de Rui Barbosa, in Marques Rebelo, Antologia Escolar Brasileira, 2. ed., Rio de Janeiro, FENAME, 1975, p. 213-6)









 
 
 
 
 
 

 

ENSINO SUPERIOR

Em processo de elaboração.

ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico: brincando com as palavras.  São Paulo: Contexto, 2008.
CÂMARA Jr, Joaquim Mattoso. Problemas de linguística descritiva. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.