quarta-feira, 28 de outubro de 2020

PARNASIANISMO - 2os. ANOS - ENSINO MÉDIO

ENSINO MÉDIO - 2os. ANOS - IV UNIDADE  

AULA DO DIA 28/10/2020 (continuação dia 29/10/2020).

Prezados protagonistas, boa noite!
Na aula presencial de hoje, escrevi alguns tópicos na lousa e expliquei cada um deles a partir de exemplos. Assim, iniciei pela origem da palavra Parnasianismo, que vem de "Parnaso", ou seja, monte consagrado a Apolo (deus da beleza). Em seguida, entrei em detalhes sobre a origem francesa do movimento ao expor o tópico “Parnasse contemporain”. Nesta mesma sequência, citei alguns escritores que mais se destacaram na França. Uma vez que o Parnasianismo tem grande expressividade nesse país europeu, destaquei em língua francesa a principal característica desse estilo de época, isto é, “L’art pour l’art” (Arte pela arte). Nesse particular, citei as artes plásticas, a escultura e a produção literária em forma de “soneto”.
Em outro momento, apresentei o livro que introduziu o Parnasianismo no Brasil, quer dizer, "Fanfarras" (1822), de Teófilo Dias. Depois, escrevi na lousa o nome dos principais representantes: (1) Olavo Bilac, (2) Alberto de Oliveira e (3) Raimundo Correia. Nessa lógica, frisei que esse grupo compõe a famosa "tríade parnasiana". Com isso, lembrei os estudantes sobre uma das questões enviadas ao Google Classroom (ACOMPANHE NA SEQUÊNCIA ABAIXO).
Ao explorar o texto, expus o poema “Nel Mezzo del Cammin”, de Dante Alighieri (1265-1321). Para melhor entender essa fonte original, fiz a leitura em italiano sequenciada pela tradução dos versos. Mais adiante, comparei o poema de Olavo Bilac (que apresenta o mesmo título) com a produção de Alighieri. Além disso, fiz comentários sobre a poética de Alberto de Oliveira e sobre Raimundo Correia.

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TEXTO 1
NEL MEZZO DEL CAMMIN

Nel mezzo del cammin di nostra vita
No meio do caminho desta vida
Mi ritrovai per una selva oscura
Vi-me perdido numa selva escura
Ché la diritta via era smarrita
Solitário sem sol e sem saída
Ah, quanto a dir qual era è cosa dura
Ah, como dizer o que foi era difícil
Esta selva selvagglia e aspera e forte
desta selva selvagem, dura e forte
Che nel pensier renova la paura
que só de eu pensar, me desfigura (ou renova o medo).
(La Divina Commedia, de Dante Alighieri).

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TEXTO 2

Observem o texto de Olavo Bilac.

NEL MEZZO DEL CAMIN... (diferente do original Cammin, que se escreve com "mm")

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje, sempre de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
(Poesias, Sarças de fogo, 1888.)

ATENÇÃO! Fiz comparação entre o eu lírico que aparece no poema "Nel Mezzo del Cammin", de Dante Alighieri frente ao eu lírico presente no poema de Olavo Bilac.
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Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio, 1865-1918)

Língua portuguesa (Olavo Bilac)

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Profissão de fé (Olavo Bilac)

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro

Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel

Corre; desenha, enfeita a imagem,
A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo da ampla
roupagem Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim. (Observe esta variante de rubi)

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem defeito...
.......................................
Antônio Mariano Alberto de Oliveira (Rio de Janeiro, 1857-1937)
Vaso chinês (Alberto de Oliveira)

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio
Entre um leque e o começo de um bordado

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente de um calor sombrio,

Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;

Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa

Vaso grego (Alberto de Oliveira)

Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deus servir como casada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servir

Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada

Depois... Mas, o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora de doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz Anacreonte fosse poeta

Raimundo Correia (São Luís, Maranhão,1859 - Paris, França, 1911).

Harmonias de uma noite de verão (Raimundo Correia)

Esta, de fel mesclada e de doçura,
Melancolia augusta e vespertina,
Que, com a sombra, avulta, cresce, invade
e enche de luto a natureza inteira...
Esse outro bardo, o sabiá, não trina
Nos galhos da cheirosa laranjeira;
E, ao silêncio e ao torpor cedendo, cerra
O dia os olhos no Ocidente absortos;
(...)

.................................................
🙋ATIVIDADE
.................................................

Responda

01.  O que foi o Parnasianismo?

02.  Por que o projeto literário do Parnasianismo se define como antirromântico?

03.  Que características literárias assume a poesia parnasiana?

Observe cuidadosamente as três imagens a seguir:

IMAGEM 1 

Espelho de Vênus, Edward Burne-Jones (1875) 120 x 200 cm



IMAGEM 2 


Vaso grego


IMAGEM 3 

Apolo e as musas no monte Parnaso, de Claude Gellée, representa a concepção mitológica do monte Parnaso, que deu origem ao nome do movimento parnasiano.

Responda:

01.    Diante do contexto do estudo sobre Parnasianismo, que relação há entre as três imagens?

02.    Que diferença há entre o bloco Realismo e Naturalismo frente ao Parnasianismo? Justifique.

03.    Pesquise um poema parnasiano que se aproxima da ideia contida na imagem 2.

04.    Quem foi a tríade parnasiana no Brasil? Cite um poema para cada um deles.






01.              Leia e responda:

Torce, aprimora, alteia, lima

A frase; e, enfim,

No verso de ouro engasta a rima,

Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,

Dobrada ao jeito

Do ourives, saia da oficina

Sem um defeito:

(...)

Assim procedo. Minha pena

Segue esta norma,

Por te servir, Deusa serena,

Serena Forma!

(...)

a) A qual estilo de época pertencem esses versos? __________________________________________

b) Transcreva os versos em que o poeta personifica o objeto de sua devoção.

__________________________________________________________________________________________

02.  “Tu, artista, com zelo, Esmerilha e investiga!Níssia, o melhor modeloVivo, oferece, da beleza antiga.Para esculpi-la, em vão, árduos, no meioDe esbraseada arena,Batem-se, quebram-se em fatal torneio,Pincel, lápis, buril, cinzel e pena.”[...]

O trecho evidencia tendências ___________ , na medida em que ______________ o rigor formal e utiliza-se de imagens _____________.

 

a) românticas - neutraliza - abstratas

b) simbolistas - valoriza - concretas

c) parnasianas - exalta - mitológicas

d) simbolistas - busca - cotidianas

e) parnasianas - evita – prosaicas

03. Para responder a esta questão, considere os versos.

Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino, escreve! No aconchego,

Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego

Pelas características desse texto, é correto afirmar que pertence à estética

a) simbolista; seu tema é a entrega às sensações geradas pela poesia; o trabalho do poeta é suscitar imagens fortes.

b) romântica; seu tema é a evasão no espaço; o trabalho do poeta é visto como extravasamento da emoção.

c) parnasiana; seu tema é a própria poesia; o trabalho do poeta é visto como busca da perfeição formal.

d) modernista; seu tema é a agitação da vida moderna; o trabalho do poeta é visto como registro dessa agitação.

e) barroca; seu tema é a religiosidade; o trabalho do poeta é visto como sacrifício.

04. Leia e responda

 

 AS POMBAS

Vai-se a primeira pomba despertada...

Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas

Raia sanguínea e fresca a madrugada

E à tarde, quando a rígida nortada

Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas

Ruflando as asas, sacudindo as penas,

Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,

Os sonhos, um por um, céleres voam

Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,

Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam

E eles aos corações não voltam mais...

(Raimundo Correia)

 

O poema é um soneto; porque tem:

a) dois quartetos e dois tercetos.

b) rima.

c) medida.

d) ritmo.

e) sonoridade.

05.  Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas do texto inicial.

Esses poetas dedicavam-se, muitas vezes, a escrever sobre um "vaso grego", uma "taça de coral", uma "brilhante copa". Ao mesmo tempo em que admiravam os "áureos relevos", o "fino lavor" e o som "canoro e doce" desses objetos, viam-se a si mesmos como artesãos do verso, verdadeiros "ourives" da língua. Essa tendência preciosista teve em .................. e ................. dois dos principais representantes, dentro do estilo ................... .

 

a) Castro Alves e Gonçalves Dias - romântico.

b) Olavo Bilac e Alberto de Oliveira - parnasiano.

c) Gonçalves Dias e Olavo Bilac - romântico.

d) Alberto de Oliveira e Castro Alves - parnasiano.

e) Gonçalves Dias e Alberto de Oliveira - parnasiano.

 

06. Leia e responda.

 PERFEIÇÃO

Nunca entrarei jamais o teu recinto:

Na sedução e no fulgor que exalas,

Ficas vedada, num radiante cinto.

De riqueza, de gozos e de galas.

Amo-te, cobiçando-te... E, faminto,

Adivinho o esplendor das tuas salas,

E todo o aroma dos teus parques sinto,

E ouço a música e o sonho em que te embalas.

Eternamente ao meu olhar pompeias.

E olho-te em vão, maravilhosa e bela,

Adarvada de altíssimas ameias.

E à noite, à luz dos astros, a horas mortas,

Rondo-te, e arquejo, e choro, ó cidadela!

Como um bárbaro uivando às tuas portas!

(Olavo Bilac)

Assinale a alternativa falsa:

a) "Exalas" (verbo) e "galas" (substantivo), "faminto" (adjetivo) e "sinto" (verbo); "pompeias" (verbo) e "ameais" (substantivo) são alguns exemplos de rimas ricas.

b) Entre os versos 3 e 4 ocorre um encadeamento sintático denominado cavalgamento ou "enjambement", que atenua o efeito sonoro de rima, alterando o ritmo.

c) Em "Como um bárbaro" temos a ocorrência de uma metáfora e, na sequência, a ação de uivar ("uivando"), associada ao ser humano, configura uma expressiva zoomorfização.

d) O efeito da zoormofização referida é o de dar intensidade ao desejo de perfeição do "eu" poemático, a uivar como um bárbaro animalizado, diante da cidadela inexpugnável.

e) A ideia abstrata da perfeição é configurada no soneto por imagens plásticas que a tornam um objeto concreto: ela é descrita como se fosse um castelo, uma fortaleza, defendida por obstáculos intransponíveis.

07.  A questão a seguir refere-se ao texto “Língua”, de Caetano Veloso, exposto abaixo.

Gosto de sentir a minha língua roçar

A língua de Luís de Camões

Gosto de ser e de estar

E quero me dedicar

A criar confusões de prosódia

E uma profusão de paródias

Que encurtem dores

E furtem cores como camaleões

Gosto do Pessoa na pessoa

Da rosa no Rosa

E sei que a poesia está para a prosa

Assim como o amor está para a amizade

E quem há de negar que esta lhe é superior?

E deixa os portugais morrerem à míngua

“Minha pátria é minha língua”

Fala, Mangueira!

Flor do Lácio, Sambódromo

Lusamérica, latim em pó.

O que quer

O que pode

Esta língua?

(...)

A expressão “Flor do Lácio” também faz parte de um famoso poema da Literatura Brasileira, intitulado “Língua Portuguesa”, produzido na segunda metade do século XIX.

Assinale a alternativa que apresenta características pertencentes ao estilo da época em que foi produzido esse poema.

a) Subjetivismo, culto da forma, arte pela arte.

b) Culto da forma, misticismo, retorno aos motivos clássicos.

c) Arte pela arte, culto da forma, retorno aos motivos clássicos.

d) Culto da forma, subjetivismo, misticismo.

e) Subjetivismo, misticismo, arte pela arte.

08. Leia e responda:

 

MAL SECRETO

"Se se pudesse, o espírito que chora,

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!"

(Raimundo Correia)

 

09. O fragmento apresentado no texto contém uma oposição semântica fundamental entre o(a):

a) eu-lírico e o ser humano em geral.

b) eu-lírico e as pessoas que o invejam.

c) ser que chora e os demais seres humanos.

d) íntimo do ser humano e sua aparência.

e) realidade exterior e o desejo humano.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Algoritmo, robôs e letramento midiático

 VAMOS REFLETIR!

Iremos aprofundar as nossas pesquisas sobre temas relevantes, como:

🙋  ALGORITMOS, ROBÔS E LETRAMENTO MIDIÁTICO.

ROBÔS NAS REDES DIGITAIS 

"O crescimento de ação concentrada de robôs representa, portanto, uma ameaça real para o debate público, representando riscos, no limite, à democracia (...)" Marco Aurélio Ruediger (Diretor da FGV/DAPP)


O QUE SÃO E O QUE FAZEM?

Segundo os pesquisadores da FGV DAPP, "o crescimento da ação de robôs representa, portanto, uma ameaça real para o debate público, representando riscos, no limite, à democracia (p. 4).

COMO PODEM AFETAR AS NOSSAS VIDAS?

"Ao interferir em debates em desenvolvimento nas redes sociais, robôs estão atingindo diretamente os processos políticos e democráticos através da influência da opinião pública. Sua ação pode, por exemplo, produzir uma opinião artificial, ou dimensão irreal de determinada opinião ou figura pública (p. 9).


Robôs, redes sociais e política: Estuda da FGV/DAPP aponta interferências ilegítimas no debate público da web. Disponível em < http://dapp.fgv.br/robos-redes-sociais-e-politica-estudo-da-fgvdapp-aponta-interferencias-ilegitimas-no-debate-publico-na-web/ > Acesso em: 28/9/2020.

 


Continuação...