🙋 AVALIAÇÃO
– BIMESTRE 1 – LÍNGUA PORTUGUESA – abril de 2023
Atenção! Nesta avaliação, solicito,
apenas, as alternativas que não estão de acordo com nossos estudos do bimestre.
Essa estratégia permite que os estudantes vislumbrem mais informações positivas
sobre tudo quanto foi estudado.
01.
Sobre o conto “Os laços de
família”, de Clarice Lispector, assinale a alternativa que não encontra
coerência com os nossos estudos desenvolvidos nos seminários do Bimestre I.
A) Pode-se afirmar que Catarina
esboçava um relacionamento conturbado em relação a sua mãe.
B) O marido de Catarina procurou
tratar muito bem a sogra, por ocasião da visita.
C) Nota-se que o conto se dá em um
espaço geográfico, pois é possível perceber o deslocamento das personagens pelo
ambiente urbano.
D) O conto é narrado em terceira
pessoa e o tempo é visto como cronológico, em virtude da sucessão dos fatos.
E)
O conto gira em torno de uma “célula dramática”, como acontece com
a crônica.
Comentário.
A diferença marcante entre "conto" e "crônica" poderia se
materializar na discussão em torno do entendimento sobre “célula dramática”.
Portanto, ao contrário do que se afirma na letra E, o conto parte de um fato
unívoco (unitário), ao passo que, a crônica apresenta, geralmente, várias células dramáticas,
logo estamos diante de dois gêneros discursivos diferentes.
02.
Sobre o conto “A Cartomante”, de
Machado de Assis, assinale a alternativa incoerente.
A)
A cartomante, que é descrita como: mulher de quarenta anos,
italiana, morena e magra, prevê o desfecho trágico.
B) Tudo indica que o conto seria um
embrião para o romance Dom Casmurro que seria publicado em 1899.
C) No conto, há um triângulo amoroso
que resultará em uma tragédia passional.
D) Camilo recebe cartas anônimas e
procura se distanciar da esposa de seu amigo de infância.
E) A tragédia do crime passional é
concretizada no fim do conto, quando os amantes são assassinados.
Comentário.
Como vimos nas aulas e ao fazermos imersão no texto, de pronto, constatamos que a cartomante erra em seus prognósticos. Para comprovar essa afirmação, trago
dois fragmentos: no primeiro, a cartomante declara: “Então, ela declarou-lhe
que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro [...]”,
porém, no segundo, o fim é trágico: “[...] Camilo não pode sufocar um grito de
terror: – ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensanguentada. Vilela
pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão”.
Então, o desfecho, que contrário à predição da cartomante, é marcado por duplo
homicídio.
03.
A concordância verbal é o aspecto
gramatical que trata da relação harmônica em que o verbo concorda em número e
pessoa com o sujeito. Nesse sentido, leia o fragmento da resenha do filme Tudo
em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e eleja a opção que destoa das regras da
gramática escolar.
“[...]
é infinitamente menos pretensioso que a franquia capitaneada por Keanu Reeves,
e essa despretensão é o ingrediente mágico deste filme. Além dela, o humor
palhaço do roteiro e a total falta de compromisso com a verossimilhança fazem
deste um produto de entretenimento puro. Não precisa entender tudo que acontece
para se divertir com ‘Tudo em Todo Lugar...’ – ao contrário, a bagunça é
intencional.
Criado,
roteirizado e dirigido pela dupla que se apresenta como ‘The Daniels’, formada
por Daniel Kan e Daniel Scheinert, dois americanos de 30 e poucos anos,
responsáveis pela maravilha que é o filme...”
Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/06/tudo-em-todo-lugar-ao-mesmo-tempo-e-amavel-com-multiverso-frenetico.shtml Acesso em 18 de
março de 2023.
A) Prevalece no texto verbos na
terceira pessoa do singular em virtude dos referentes estarem, igualmente, na
terceira pessoa do singular.
B) O verbo “fazer” aparece na
terceira pessoa do plural para concordar em número e pessoa com o sujeito
composto que o antecede.
C) Se o verbo “precisar” estivesse
acompanhado pela partícula indeterminadora do sujeito “se”, respeitando-se as
devidas adaptações no texto, o verbo deverá permanecer sempre na 3ª. pessoa do
singular.
D)
Em; “[...] dupla que se
apresenta...” o verbo deve concordar na terceira pessoa do plural com o
sujeito no singular, embora se refira aos dois americanos de 30 e poucos anos.
E) Se o sujeito composto presente no texto fosse
substituído por um pronome de terceira pessoa do plural, o verbo sofreria uma
alteração para o singular.
Comentário.
Conforme estudamos ao longo deste bimestre, a concordância
verbal consiste na "relação harmônica" entre verbo e sujeito. Assim, segundo a
gramática escolar, o verbo “deverá” concordar com o sujeito em número e pessoa.
Com isso, a alternativa D destoa (ou seja, é incoerente) com a lógica
gramatical, porque o verbo “apresentar” deverá permanecer no singular
para concordar com o sujeito “dupla”, que está no singular (embora este último não
traga consigo uma ideia unitária).
04.
A “Independência do Brasil” faz
parte do contexto histórico do Romantismo. Assim, analise a charge a seguir e
assinale a alternativa inapropriada.
Releitura do quadro
“Independência ou Morte” pelos chargistas Leandro Assis e Triscila Oliveira, os
artistas fazem alusão a obras de Cândido Portinari – Triscila Oliveira e
Leandro Assis/ Folhapress
A) A charge é construída a partir da
intertextualidade com a tela de Pedro Américo e alguns trabalhos de Cândido
Portinari.
B)
Pedro Américo expôs na tela “Independência do Brasil” uma visão
crítica do evento registrado com fidelidade na história do Brasil.
C) Cândido Portinari produziu uma
obra com crítica contundente a temas de cunho histórico, como escravização e
êxodo rural.
D) Os compositores da charge fazem
uma releitura histórica com elevado grau de criticidade ao evocarem Cândido
Portinari.
E) Os itens multimodais presentes na
charge revelam o processo de degradação sofrido pelo Brasil ao longo dos
séculos que não se desvencilha do passado.
Comentário.
Consideramos esta questão bastante sofisticada e com potencial para
o ENEM e para o SSA-PE. Assim sendo, a sua abordagem exigiu do estudante
conhecimento prévio da produção artística de Pedro Américo (que, inclusive,
estudamos ao longo das aulas e deixei disponível na revisão deste blog) na
interface com produções variadas de Cândido Portinari. Com isso, vemos a
intertextualidade presente na charge com forte teor de criticidade. Logo, a
afirmativa B é incoerente, porque, na verdade, a tela “Independência ou Morte”,
que inspirou o chargista, exibe uma ideia romantizada da “Independência do
Brasil”.
05.
Sobre a produção literária do
Romantismo brasileiro é incoerente afirmar que:
A) No poema “Canção do exílio”,
registramos a influência alemã de Goethe.
B) Em “Lembrança de morrer”, o eu
lírico esboça sentimentalismo exacerbado e intenso egocentrismo.
C)
O poema “Meus oito anos” não pode ser comparado ao saudosismo de
Manuel Bandeira.
D) Em “Cântico do Calvário”, o poeta
ultrarromântico expressa o sentimento pela morte precoce de seu filho.
E) A poesia de Junqueira Freira
expressa relevante tom religioso e traduz a sua crise existencial.
Comentário.
Da maneira como comentamos nas aulas, embora Casimiro de Abreu (poeta
da saudade) esteja cronologicamente distante de Manuel Bandeira, há uma ligação
entre os dois no que toca ao “saudosismo”. Tanto é assim, que, segundo Viana
(2001, p. 62), Manuel Bandeira “vai intertextualizar abundantemente os
românticos brasileiros”.
VIANA, Antônio Fernando. Assim cantavam os sabiás... intertextualidades poéticas. Recife: Rd. do Autor, 2001.
06.
Sobre a produção romântica da
geração Condoreira, não é adequado afirmar:
A) A obra “Os Miseráveis”, de Victor
Hugo, influenciou a geração libertária cujo expoente maior é Castro Alves.
B) Em O Navio Negreiro, Castro Alves
aborda os horrores do tráfico de cativos africanos.
C)
A obra de Castro Alves é inócua para a literatura de sua época e
obsoleta atualmente.
D) A Geração Condoreira teve seu
embrião ideológico a partir da Faculdade de Direito do Recife, com Tobias
Barreto.
E) Fica patente, na obra de Castro
Alves, a crítica frente à escravização de humanos trazidos da África.
Comentário.
Seria total incoerência afirmar que a obra de Castro Alves seria
inócua (isto é: “inútil”, “ineficaz”, “ineficiente”, “que não produz o efeito
desejado”) e obsoleta (ou seja: “que já não se usa”, “arcaica”) para a
atualidade. Portanto, a letra C não é adequada, porque, como se sabe as
temáticas suscitadas por Castro Alves são urgentes e devem, sim, ser
contextualizadas e trazidas para o centro do debate no século XXI.
07.
No estilo de época romântico,
encontramos temas que são fundantes, como: a condição feminina, a escravização, a “miscigenação” etc. Assim sendo, assinale a
alternativa destoante.
A) Na visão de Darcy Ribeiro, o
indígena teve um papel importante para a formação do povo brasileira.
B) Em Casa Grande e Senzala,
Gilberto Freyre exibe a sua teoria criticada de miscigenação de três povos.
C) Gonçalves Dias revela, no poema
Marabá, a crise vivida pelo eu poemático que sofre por ser mestiça.
D)
O indígena é considerado indolente em poemas como: I-Juca Pirama,
de Gonçalves Dias.
E) O indígena é tido como herói em Confederação
dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães.
Comentário.
A palavra indolente (que significa: aquele que age de modo
preguiçoso; lento; apático, indiferente) foi empregada em um passado recente
contra os indígenas brasileiros. No entanto, contra o discurso discriminatório,
citamos Darcy Ribeiro, que mostra o protagonismo dos indígenas ao longo do
processo histórico brasileiro, muito embora muitos indígenas tenham sido
torturados, escravizados e dizimados. No caso particular da obra I-Juca Pirama
(1851), o indígena surge como herói. Logo, o indígena não pode ser
considerado indolente.
08.
Compare as duas imagens a seguir
e assinale a afirmativa inaceitável:
Imagem 1 - Colheita de mel de abelha indígena –
1960.
Imagem 2 - Desnutrição severa de Yanomami.
Disponível em https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2022/12/09/novas-imagens-expoem-mais-uma-vez-casos-criancas-com-desnutricao-severa-na-terra-yanomami.ghtml Acesso em 18 de
março de 2023.
A) A composição de Cândido Portinari
exibe a atividade extrativista de indígenas que podem ser comparados aos
personagens representados nos poemas de Gonçalves Dias.
B) A fotografia de um yanomami que
foi resgatado em estado severo de desnutrição em virtude da ação devastadora de
garimpeiros.
C)
É incoerente tratar da temática indígena contemporânea a partir dos
estudos literários sobre Romantismo.
D) A paródia “Uma canção”, de Mário
Quintana pode ser usada como uma crítica ao descaso presente na imagem 2.
E) Autores modernos parodiaram o
indianismo para denunciar situações como a expressa na imagem 2.
Comentário.
A arte literária é considerada uma forma de denúncia. Por isso
mesmo, proponho a relação intersemiótica entre a tela de Cândido Portinari, que
revela a escravização do indígena e, por outro lado, o registro fotográfico de um
membro da tribo yanomami, que foi espoliado por conveniência política e por decisões errôneas (conforme
pode ser conferido em inúmeras publicações na esfera jornalística nacional e
internacional), que penalizaram os indígenas. Assim sendo, com toda certeza, a temática dos povos indígenas
deve ser evocada nos estudos literários hodiernos. Diante disso, a alternativa C é
completamente inaceitável.
09.
Compare e assinale a alternativa imprópria.
Disponível em
https://blogdoaftm.com.br/charge-preocupacao-com-os-idosos/ Acesso em 18 de março de 2023.
Ofensas sobre
idade, como as feitas contra aluna de 44 anos, podem ser enquadradas como injúria
Para especialista,
porém, melhor resposta para autores de vídeo não é criminal; centro
universitário diz que toma medidas administrativas
Disponível
em https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/ofensas-sobre-idade-como-as-feitas-contra-aluna-de-44-anos-podem-ser-enquadradas-como-injuria.shtml Acesso em 18 de
março de 2023.
A)
A manchete pode ser comparada com a charge com prejuízo semântico
em relação ao etarismo.
B) Os itens multimodais da charge
configuram etarismo, uma vez que o personagem representado é impedido de
realizar uma atividade simples.
C) A crítica implícita na charge confirma a
presença de etarismo na sociedade, embora os agentes humanos não sejam
revelados.
D) Na manchete os agentes humanos
são revelados como contraventores em virtude da ação discriminatória.
E)
O
lide assume ideia de oposição à
manchete, pois a conjunção adversativa expõe ideia contrária.
Comentário.
Vimos nas revisões que “etarismo” consiste em discriminar
pessoas em razão da idade. Diante
disso, a charge (convém levar em conta os itens multimodais, tais como: cores,
formas, personagens etc.) expressa que um cidadão idoso é simbolicamente “trazido
para casa por pombos”, porque seria "incapaz" de realizar uma tarefa simples,
logo, nesse contexto, o preconceito estaria claramente concretizado. No que se
refere à manchete, as ofensas contra a aluna de 44 anos, de igual modo, passam
a tipificar etarismo. Portanto, nas duas ocorrências não há prejuízo semântico
(de sentido) quanto à temática central, pois fica claro o etarismo, tanto na charge, quanto na manchete.
10.
Leia e responda.
Marabá
Eu vivo sozinha; ninguém me
procura!
Acaso feiura
Não sou de Tupã?
Se algum dentre os homens de mim
não se esconde,
– Tu
és, me responde,
– Tu
és Marabá!
[...]
A partir da leitura do poema, só não é
adequado inferir que
A) O eu poético reivindica a sua
ascendência, porém não há qualquer possibilidade de aceitação.
B) Ao negar a aparência do eu
poético, o poeta valoriza a idealização indianista.
C) As características de Marabá a
distancia da autenticidade dos indígenas idealizados por Gonçalves Dias.
D) As características físicas de
Marabá revelam que, provavelmente, ela seria filha de europeu e indígena.
E)
Quando se refere à figura feminina, o poeta expressa um sentimento
artificializado e impassível de crítica feminista.
Comentário.
Convém destacar que o eu poemático feminino se coloca como alvo
de apreciação masculina. Com isso, ao longo do poema, Marabá (etimologicamente,
o termo tupi mayr-abá significa filha
de índia com estrangeiro) é rejeitada, porque não apresenta as qualidades (ou
características) de uma indígena autêntica. De qualquer forma, a temática feminina
é digna de apreciação crítica, uma vez que, no poema, a mulher é colocada como
alvo do desejo masculino. A esse propósito, Beauvoir (2009, p. 146-146)
critica: “o homem se colocava como Sujeito e colocava a mulher como um objeto,
o Outro”. Então, não é adequado afirma o que temos na letra E.