BRAIN ROT IS THE OXFORD UNIVERSITY PRESS WORD OF THE YEAR FOR 2024.
ATIVIDADE - I TRIMESTRE
1. FAÇAM A AUDIÇÃO DO PODCAST - NATUZA NERY: BRAIN ROT: A EXAUSTÃO QUE MARCOU 2024 - O ASSUNTO #1.375 - G1.GLOBO.COM
=> PODCAST G1. GLOBO SOBRE BRAIN ROT
2. NA SEQUÊNCIA, LEIAM O TEXTO SOBRE A QUESTÃO DO "BRAIN ROT" PARA O DEBATE EM SALA E POSTERIOR PRODUÇÃO DE TEXTO.
Estudos
indicam redução de massa cerebral por uso excessivo de tela
Consumo
compulsivo de conteúdos de baixa qualidade está associado à redução no volume
de massa cinzenta em regiões do cérebro responsável por tomada de decisões,
apontam estudos.
Embora possa parecer
exagero à primeira vista, o termo “cérebro podre” ou “podridão cerebral”, da
expressão em inglês “Brain rot”, pode ser mais literal do que pensamos. Eleita
a palavra do ano de 2024 pelo Dicionário Oxford por mais de 37 mil pessoas, o
termo descreve, de acordo com a Oxford University Press, a deterioração mental
causada pelo consumo excessivo de conteúdo superficial, especialmente na
internet. As citações ao termo em inglês aumentaram 230% entre 2023 e 2024,
refletindo uma preocupação social crescente com esse fenômeno.
Assim,
o que começou como uma expressão coloquial encontrou apoio na ciência.
Pesquisas citadas pelo jornal britânico The Guardian indicam que o uso excessivo
de mídias sociais e o consumo compulsivo de conteúdo de baixa qualidade – como notícias
sensacionalistas, teorias da conspiração e entretenimento vazio – podem literalmente
encolher a massa cinzenta, diminuir a capacidade de atenção e enfraquecer a
memória. Uma combinação de efeitos que faz com que o termo “podridão” não
pareça exagerado.
Do e-mail à rolagem
infinita
Os
primeiros sinais de alarme soaram no início do século com algo que hoje nos
parece inofensivo: o e-mail. Como o jornal El País noticiou recentemente,
citando um artigo do Guardian de 2005, uma equipe da Universidade de Londres,
após 80 testes clínicos, descobriu que o uso diário de e-mail e telefone
celular causava uma queda média de dez pontos no QI dos participantes, um impacto
que eles descreveram com mais prejudicial do que o uso de maconha.
Imagine
então o que aconteceu agora com a constante enxurrada de tweets, stories,
reels, notificações, pushes e fluxos intermináveis de conteúdo.
Os
aplicativos modernos são projetados especialmente para nos manter viciados,
aproveitando o que Michoel Moshel, pesquisador da Universidade Macquarie,
descreveu ao El País como “a tendência natural do nosso cérebro de buscar
novidades, especialmente quando se trata de informações potencialmente
prejudiciais ou alarmantes, uma característica que já nos ajudou a sobreviver”.
Mudanças cerebrais
preocupantes
Em
geral, o quadro atualmente. Uma meta-análise de 27 estudos de neuroimagem
revelou que o uso excessivo de internet está associado a uma redução do volume
de massa cinzenta em regiões críticas do cérebro responsáveis pelo
processamento de recompensas, controle e impulsos e tomada de decisões. De
acordo com Moshel, essas alterações são semelhantes às observadas em casos de
dependência de substâncias como metanfetaminas (droga psicoativa) e álcool.
Além
do ambiente clínico, o “uso desordenado de tela” tem sido estudado em ambientes
educacionais. Uma meta-análise citada em um artigo do The Conversation, do qual
Moshel é um dos autores, lista 34 estudos que vinculam o uso compulsivo a um
desempenho cognitivo significativamente inferior, especialmente no que diz
respeito à atenção sustentada e controle de impulsos. O problema afeta adultos que
passam muitas horas na frente de celulares e computadores.
Ainda
assim, o problema é particularmente grave entre os jovens. De acordo com dados
de 2021 na ONG americana Common Sense
Media citados no The Conversation,
pré-adolescentes passam 5 horas e 33 minutos por dia em frente às telas,
enquanto esse tempo é de 8 horas e 39 minutos para adolescentes.
Na
Austrália, por exemplo, uma pesquisa realiza em 2020 pelo Instituto Gonski da
UNSW revelou que 84% dos educadores consideram tecnologias digitais uma
distração na sala de aula. De acordo com uma pesquisa da organização
australiana especializada em saúde mental Beyond Blue, citada pela emissora
americana ABC, o tempo excessivo de tela está entre os principais desafios para
os jovens, perdendo apenas para problemas de saúde mental.
Círculo vicioso da
era digital
Eduardo
Fernández Jeménez, psicólogo clínico do Hospital La Paz, em Madrid, explicou ao
El País que o cérebro ativa diferentes redes neurais para gerenciar diferentes
tipos de atenção. O bombardeio constante de estímulos variáveis afeta
particularmente nossa capacidade de atenção sustentada, que é fundamental para
o aprendizado acadêmico.
O
problema é agravado por um círculo vicioso difícil de romper: de acordo com um
estudo publicado na revista Nature, pessoas com saúde mental debilitada têm
maior probabilidade de consumir conteúdo de baixa qualidade, o que, por sua vez,
piora seus sintomas. E quanto mais tempo se passa em frente à tela, mais
difícil é reconhecer e limitar e limitar o problema.
Existe uma solução
Especialistas
recomendam uma abordagem em duas frentes: qualidade e quantidade. É fundamental
estabelecer limites claros para o tempo de tela e fazer um esforço consciente
para se desligar. Atividades que exigem presença física, como esportes ou
reuniões com amigos, são essenciais para neutralizar os efeitos negativos do
uso prolongado da tela, recomendou o psicólogo Carlos Losada em dezembro ao El
País.
Também
é importante dar prioridade a conteúdos educativos que evitem características
viciantes e estabelecer intervalos regulares.
Porque, como sugere a pesquisa, o “cérebro podre” pode ser mais do que
uma metáfora, mas um processo real de deterioração cognitiva causada por nossos
hábitos digitais.
Com
as empresas de tecnologia projetando algoritmos para maximizar nosso tempo de
tela e um público cada vez mais digitalizado, o desafio vai além do indivíduo.
É preciso políticas que incentivem a transparência e a educação digital
crítica.
A
ironia é que essa “podridão cerebral” pode estar alterando a forma como
percebemos e respondemos ao mundo justamente quando mais precisamos de nossas
capacidades cognitivas. Talvez seja hora de lembrar que existe um mundo além da
tela, um mundo que nossos cérebros foram realmente projetados para explorar.
Disponível em: https://g1.globo.com/saude/noticia/2025/01/25/estudos-indicam-reducao-de-massa-cerebral-por-uso-excessivo-de-tela.ghtml
Acesso em 30 abr. 2025.
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