UnB expulsa aluno que filmava aulas para expor na web e criticar
professores e estudantes
Decisão é
assinada pela reitora Rozana Naves; caso foi encaminhado ao MPF, OAB e Polícia
Federal. Wilker Leão divulgou na internet vídeos das aulas e de alunos sem
autorização.
Por Ana Lídia Araújo, Nathalia Sarmento, g1 DF — Brasília
05/09/2025 16h00 Atualizado há 4 dias
A Universidade de Brasília (UnB) decidiu expulsar o estudante Wilker
Leão de Sá, condenado pela Justiça por calúnia e
difamação contra um professor da instituição.
A decisão obtida pelo g1 foi
publicada na noite desta quinta-feira (4), assinada pela reitora Rozana Reigota
Naves. Segundo o documento, Wilker cometeu faltas disciplinares graves, como:
Reincidir
em falta cominada com a pena máxima de suspensão — ou seja, repetir uma falta grave que já tem como punição máxima a
suspensão;
Caluniar,
injuriar ou difamar membro da comunidade universitária;
Desacatar
membros dos corpos docente, discente ou técnico-administrativo;
Praticar
atos que violem os direitos humanos;
Praticar
atos incompatíveis com os valores da Universidade.
O processo disciplinar será
encaminhado ainda ao Ministério Público Federal (MPF), à OAB/DF, à Polícia Federal e à Advocacia-Geral da
União, entre outras áreas da própria UnB.
Em nota, a UnB confirmou que o
estudante "foi excluído da instituição e está impedido de
realizar novos registros de matrícula". Ele ainda pode recorrer da decisão.
O g1 tenta contato com Wilker
Leão.
Aluno
já tinha sido suspenso
Em
dezembro do ano passado, a UnB suspendeu Wilker Leão de duas disciplinas –
História da África e História do Brasil – por 60 dias. A medida foi tomada
porque, segundo a UnB, e estudante "atrapalhava as aulas".
Na
época, a universidade justificou que, ao gravar as aulas e publicar o conteúdo nas redes sociais sem
autorização dos envolvidos, o aluno atrapalha a explicação do conteúdo e também os outros
estudantes matriculados nas disciplinas (saiba mais abaixo).
Em agosto, Wilker Leão já
havia sido condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal por difamação
e injúria contra um professor da disciplina de História da África.
O estudante gravou
e divulgou em redes sociais vídeos das aulas sem autorização, com comentários ofensivos e
depreciativos contra um professor.
De acordo com a Justiça, o
estudante atingiu a honra do professor ao expor o que chamava de "doutrinação comunista" no curso de
história.
A juíza Ana
Cláudia Loiola de Morais Mendes entendeu que houve "violação à honra
objetiva" do docente.
Wilker foi condenado inicialmente
a 2 anos e 3 meses de detenção em regime
aberto, mas
teve a pena convertida em duas multas de 15 salários mínimos cada — uma destinada ao professor e a
outra a uma entidade social escolhida pela Justiça.
Ele também deverá pagar R$ 5 mil
em honorários advocatícios. O g1 entrou
em contato com Wilker, mas não obteve resposta até a última atualização desta
reportagem.
Seis
vídeos foram analisados pela Justiça
A decisão levou em conta seis
vídeos publicados por Wilker entre outubro e novembro de 2024. A Justiça concluiu que eles
continham ofensas à honra do professor e violavam sua imagem e privacidade. São
eles:
18/10/2024: Wilker chama a aula de "bobagem" e diz que o professor "fugiu" do debate. Continuou filmando
mesmo após o pedido para interromper a gravação.
23/10/2024: Vídeo com a imagem do professor e
legenda "Prof Brabão". Wilker o chama de "comunista" e fala em doutrinação.
30/10/2024: Post intitulado "Essa é a cara do professor valentão que se acha general",
com imagem e voz do docente, em tom depreciativo.
07/11/2024: Novas publicações com as
legendas “professor Brabão dobrou a aposta” e “tá querendo socializar meu capital?”.
13/11/2024: Caricatura semelhante ao
professor e comentários desdenhosos sobre temas discutidos em sala, como
escravidão e capitalismo. “Isso aqui é doutrinação ou não
é?”, escreveu o aluno.
19/11/2024: Vídeo com o termo “transgeneral” e insinuações de que o professor teria
suspendido a aula "protelando isso com intenções mesmo de
enrolar".
Wilker Leão é formado em direito e conhecido por publicar
vídeos políticos nas redes sociais. Ele soma mais de dois milhões de seguidores
no X, YouTube , TikTok e Instagram.
O
estudante também ficou conhecido por abordar políticos e apoiadores do
ex-presidente Jair Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada.
Em uma
das ocasiões, em agosto de 2022, chegou a se envolver em uma confusão com o ex-presidente (veja
o vídeo acima).
Em
fevereiro do ano seguinte, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tomou o celular da mão de
Wilker, após se
envolver em uma discussão com ele. Na ocasião, o youtuber começou a questionar
Randolfe, de forma repetitiva, sobre a opinião dele a respeito de terrorismo e
assédio político.
Disponível em: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/09/05/unb-expulsa-aluno-que-filmava-aulas-para-expor-na-web-e-debochar-de-professores-e-estudantes.ghtml Acesso em: 09 set. 2025.
02. Ainda sobre o texto, que fenômenos das redes digitais garantem adesão de milhares de seguidores?
03. De acordo com o texto, que crimes foram cometidos pelo aluno agressor?
04. Que atitude do aluno agressor punido pode ser entendida como Teoria da Conspiração, conforme o texto?
05. Por que a maioria dos verbos aparece na 3a. pessoa do singular? Existiria alguma implicação discursiva para essa configuração textual?
06. Pesquise: Liberdade de cátedra do professor (Constituição Federal de 1988, Art. 206), Direito de imagem (Constituição Federal de 1988, Art. 5, inciso X), crimes de calúnia e difamação (Código Penal, Art. 138 e 139, respectivamente). Em seguida, compare o resultado de sua pesquisa com as informações do texto sobre a conclusão da justiça.
07. Quais as estratégias utilizadas pelo aluno agressor que podem ser classificadas como: negacionismo, desinformação e fake news? Explique.
08. Quais são os argumentos apresentados no texto para confirmar a tese de punição ao agressor?
09. Destaque uma passagem do texto que apresenta tipologia narrativa (ou sequência narrativa). Explique.
10. Destaque do texto um fragmento sobre a confusão conceitual entre a noção de fato e de opinião. Explique.
11. Por que é possível afirmar que as autoras do texto se preocuparam com a escolha lexical e com a disposição sintática para não gerar duplo sentido? Explique.

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