🙋1o. ANO => ENSINO MÉDIO => ARCADISMO
01.
Leia
com atenção:
"A poesia desta época, localizada em fins do século XVIII e
início do XIX, caracteriza-se pelo lirismo. Fiéis ao espírito bucólico e
pastoril, os poetas adotavam pseudônimos e, em seus textos, falavam e agiam
como pastores, tratando de pastoras suas amadas. O mundo greco-romano vem
completar o quadro lírico das composições da época".
Assinalar a
alternativa que contém o período literário a que se refere o trecho acima:
a) Romantismo
b) Simbolismo
c) Parnasianismo
d) Arcadismo
e) Barroco.
02. Leia e responda:
Texto 1
(Zé Rodrix e Tavito)
Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
meus discos
meus livros
e nada mais
Texto 2
(Cláudio Manuel da
Costa)
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
Embora muito
distantes entre si na linha do tempo, os textos aproximam-se, pois o ideal que
defendem é
a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do
homem seus melhores sentimentos.
b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas
naturais.
c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de
inspiração dos poetas.
d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois o
tempo passa rapidamente.
e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos
centros urbanos.
03. Leia e responda:
Já sobre o coche de ébano estrelado
Deu meio giro a noite escura e feia;
Que profundo silêncio me rodeia
Neste deserto bosque, à luz vedado!
Jaz entre as folhas Zéfiro abafado,
O Tejo adormeceu na lisa areia;
Nem o mavioso rouxinol gorjeia,
Nem pia o mocho, às trevas costumado:
Só eu velo, só eu, pedindo à sorte
Que o fio, com que está minha alma presa
À vil matéria lânguida me corte:
Consola-me este horror, esta tristeza;
Porque a meus olhos se afigura a morte
No silêncio total da natureza.
Bocage
Vocabulário:
coche de ébano:
carruagem de madeira escura
jaz: está ou parece
morto
mocho: coruja
lânguida: doentia
Está presente no
texto o seguinte traço característico da poesia de Bocage:
a) temática religiosa.
b) idealização do “locus amoenus”.
c) quebra dos padrões formais clássicos.
d) supremacia dos efeitos sonoros em detrimento da ideia.
e) linguagem emotivo-confessional.
04. Leia o poema de
Bocage:
Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre flores?
Vê como ali, beijando-se, os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores.
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares, sussurrando, gira:
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
O soneto de Bocage
é uma obra do Arcadismo português, que apresenta, dentre suas características,
o bucolismo e a valorização da cultura greco-romana, que estão exemplificados,
respectivamente, em
a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marília, as flautas
dos pastores.
b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto o
rouxinol suspira.
c) Que bem que soam, como estão cadentes!/Os Zéfiros brincar por
entre flores?
d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a sorrir-
se! Olha, não sentes.
e) Que alegre campo! Que manhã tão clara!/Vê
como ali, beijando-se, os Amores.
05. Leia os versos
do poeta português Bocage.
Vem, oh Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo.
Deixa louvar da corte a vã grandeza;
Quanto me agrada mais estar contigo,
Notando as perfeições da Natureza!
Nestes versos,
a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa da
fugacidade do tempo.
b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia características
pré-românticas do autor.
c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se aproveitar
o tempo presente.
d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto,
inacessíveis a ele.
e) o poeta propõe, em linguagem clara,
que se aproveite o presente de forma simples junto à natureza.
06. Leia o soneto
que se segue, de Cláudio Manuel da Costa.
Pastores, que levais ao monte o gado,
Vede lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:
Eu ando (vós me vedes) tão pesado;
E a pastora infiel, que me fez guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:
Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.
Todas as
alternativas contêm afirmações corretas sobre esse soneto, exceto:
a) O poema opõe um estilo de vida simples a um estilo de vida
dissimulado.
b) A palavra "guerra" enfatiza a recusa da pastora a
corresponder aos afetos do poeta.
c) O sentido da visão é o predominante em todas as estrofes do
poema.
d) A expressão "para dar contágio
a toda a terra" revela a intensidade do sofrimento do pastor.
07. Assinale a
letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas do
trecho apresentado.
Simplificando a linguagem lírica de Cláudio Manuel da Costa, mas
evitando igualmente a diluição dos valores poéticos no sentimentalismo, as
.............. mais densas, dedicadas a ............., fizeram de
.............. uma figura central do nosso Arcadismo.
a) crônicas - Marília - Dirceu.
b) crônicas - Gonzaga - Dirceu.
c) sátiras - Dirceu - Gonzaga.
d) liras - Gonzaga - Dirceu.
e) liras - Marília - Gonzaga.
08. Assinale a
letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas do
trecho apresentado.
Simplificando a
linguagem lírica de Cláudio Manuel da Costa, mas evitando igualmente a diluição
dos valores poéticos no sentimentalismo, as .............. mais densas,
dedicadas a ............., fizeram de .............. uma figura central do
nosso Arcadismo.
a) crônicas - Marília - Dirceu.
b) crônicas - Gonzaga - Dirceu.
c) sátiras - Dirceu - Gonzaga.
d) liras - Gonzaga - Dirceu.
e) liras - Marília - Gonzaga.
09. Leia os
seguintes textos, observando que eles descrevem o ambiente natural de acordo
com a época a que correspondem, fazendo predominar os aspectos bucólico,
cotidiano e irônico, respectivamente:
Texto 1
Marília de Dirceu
Enquanto pasta, alegre, o manso gado,
minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive nos descobre
A sábia Natureza.
Atende como aquela vaca preta
O novilhinho seu dos mais separa,
E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.
Atende mais, ó cara,
Como a ruiva cadela
Suporta que lhe morda o filho o corpo,
E salte em cima dela.
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: Proença Filho,
Domício. Org. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1996,
p. 605.)
Texto 2
Bucólica nostálgica
Ao entardecer no mato, a casa entre
bananeiras, pés de manjericão e cravo santo,
aparece dourada. Dentro dela, agachados,
na porta da rua, sentados no fogão, ou aí mesmo,
rápidos como se fossem ao Êxodo, comem
feijão com arroz, taioba, ora-pro-nobis,
muitas vezes abóbora.
Depois, café na canequinha e pito.
O que um homem precisa pra falar,
entre enxada e sono: Louvado seja Deus!
(PRADO, Adélia. Poesia Reunida. 2ª- ed. São Paulo: Siciliano,
1992, p. 42.)
Texto 3
Cidadezinha qualquer
Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
(ANDRADE, Carlos Drummond. Obra Completa. Rio de Janeiro: José
Aguilar Editora, 1967, p. 67.)
Assinale a
alternativa referente aos respectivos momentos literários a que correspondem os
três textos:
a) Romântico, contemporâneo, modernista.
b) Barroco, romântico, modernista.
c) Romântico, modernista, contemporâneo.
d) Árcade, contemporâneo, modernista.
e) Árcade, romântico, contemporâneo.
10. No Romanceiro
da Inconfidência, Cecília Meireles recria poeticamente os acontecimentos
históricos de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta mesma
época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribuídas a Tomás
Antônio Gonzaga.
O fragmento a
seguir foi extraído da Carta 2 em que Critilo (Gonzaga), dirigindo-se ao
seu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarrão
Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador de Minas).
Aquele, Doroteu, que não é Santo
Mas quer fingir-se Santo aos outros homens,
Pratica muito mais, do que pratica,
Quem segue os sãos caminhos da verdade.
Mal se põe nas Igrejas, de joelhos,
Abre os braços em cruz, a terra beija,
Entorta o seu pescoço, fecha os olhos,
Faz que chora, suspira, fere o peito;
E executa outras muitas macaquices,
Estando em parte, onde o mundo as
veja.
(GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas
Chilenas. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 68-69).
Considerando as
informações apresentadas e esse fragmento poético, é correto afirmar:
a) O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer
uso de um tom irônico.
b) O autor critica algumas atitudes do governador de Minas,
julgando-as dissimuladas.
c) O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de
Minas, sem apresentar um posicionamento crítico.
d) O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é
observado nesse fragmento, pois, aqui, há apenas a descrição das práticas
religiosas do Fanfarrão Minésio.
e) O autor chama a atenção para o fato
de que o governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos fiéis.
11. Leia e
responda:
Ornemos nossas testas com as flores,
e façamos de feno um brando leito;
prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
(...) aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
Tomás Antônio
Gonzaga
No quarto verso
acima,
a) no fragmento, o eu-lírico, ao destacar a passagem do tempo e
a efemeridade da vida, revela o princípio latino carpe diem.
b) que retomam tema e estrutura de uma “canção de amigo”, está
expresso o estado de alma de quem sente a ausência do ser amado.
c) nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu-lírico, a
prima a quem se poderiam fazer convites para um passeio pela cidade.
d) em que se notam diálogo e estrutura paralelística, o ponto de
vista dominante é o do moço que vê seus sentimentos antagônicos refletidos na
natureza.
e) a natureza é o espaço onde o eu
lírico se sente à vontade para passear e a cidade o melhor lugar para viver.
12. Leia mais uma vez o texto da questão anterior (transcrito
abaixo) e responda
Ornemos nossas testas com as flores,
e façamos de feno um brando leito;
prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
(...) aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
Tomás Antônio
Gonzaga
Quanto ao estilo,
os versos
a) revelam a presença não só de formas mais exageradas de
inversão sintática - hipérbatos -, como também de comparações excessivas,
resíduos do estilo cultista.
b) comprovam a predileção pelo verso branco e pela ordem direta
da frase, característicos da naturalidade desejada pelos poetas do Arcadismo.
c) denotam - pela singeleza do vocabulário, pela sintaxe quase
prosaica - a vontade de alcançar a simplicidade da linguagem, em oposição à
artificialidade do Barroco.
d) organizam-se em torno de antíteses, na busca de caracterizar,
em atitude pré-romântica, o amor ideal e a pureza do lavor da terra.
e) constroem-se pelo desdobramento
contínuo de imagens, compondo um quadro em que a emoção é tratada de modo
abstrato, de acordo com a convenção árcade.