quinta-feira, 28 de outubro de 2021

1o. ANO => ENSINO MÉDIO => PRODUÇÃO DE TEXTO => DISSERTAÇÃO ESCOLAR

 

PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA O ENSINO MÉDIO 

Injúria racial é crime imprescritível e equiparado ao racismo, decide STF

Matheus Teixeira, 28/10/2021.

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quarta-feira (28) que a injúria racial é equiparada ao crime de racismo e, portanto, esse tipo de delito é imprescritível e deve ser punido a qualquer tempo, independente do período que se passou do episódio.

Disponível em: https://www.folha.uol.com.br/ Acesso em: 28/10/2021.

Com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: "INJÚRIA RACIAL É CRIME IMPRESCRITÍVEL E EQUIPARADO AO RACISMO", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

SUGESTÕES PARA ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO:

INTRODUÇÃO - 5 (cinco) linhas => apresente a tese e dois tópicos frasais, conforme orientei nas aulas presenciais.

DESENVOLVIMENTO 1 - 7 (sete) linhas => Em primeiro lugar,  DISCUTA AS CAUSAS - argumente com dados, exemplos etc.

DESENVOLVIMENTO 2 - 7 (sete) linhas => Em segundo lugar, ABORDE AS CONSEQUÊNCIAS - argumente com dados, exemplos etc.

CONCLUSÃO - 5 (cinco) linhas => Portanto... indique propostas de intervenção. 

Quem poderá intervir: (1) autoridades governamentais através de programas; (2) poder jurídico: ministério público etc.; (3) engajamento da sociedade em geral; (4) participação da escola através de campanhas de conscientização e de ações para orientação de estudantes e famílias; (5) participação de ONGs.   

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

FERREIRA GULLAR => VAMOS REFLETIR UM POUCO?

VAMOS REFLETIR UM POUCO?

De que forma podemos contextualizar os poemas a seguir com a realidade atual? 

 Não há vagas 

(Ferreira Gullar)

O preço do feijão

não cabe no poema

O preço do arroz

não cabe no poema


Não cabem 

no poema o gás

a luz, o telefone 

a sonegação 

do leite

da carne

do açúcar

do pão


O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila

seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras

-- porque o poema,

senhores,

está fechado:

"não há vagas"

Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens 

a fruta sem preço

O poema, senhores

não fede 

nem cheira.

...

Poema brasileiro 

(Ferreira Gullar)

No Piauí de cada 100 crianças que nascem

78 morrem antes de completar 8 anos de idade 


No Piauí

de cada 100 crianças que nascem

78 morrem antes de completar 8 anos de idade


No Piauí

de cada 100 crianças

que nascem 

78 morrem

antes 

de completar

8 anos de idade

Antes de completar 8 anos de idade

antes de completar 8 anos de idade

antes de completar 8 anos de idade

antes de completar 8 anos de idade.  

terça-feira, 26 de outubro de 2021

SIMBOLISMO

 🙋 2o. ANO - ENSINO MÉDIO - SIMBOLISMO 

PARTE 1

2º. ANO – LITERATURA – SIMBOLISMO – AULA ASSÍNCRONA – 18/10/2021.

Como mencionei nas aulas sobre Simbolismo, dois livros introduziram esse estilo de época no Brasil, isto é: Missal e Broquéis, ambos de autoria de Cruz e Sousa, em 1893. Diante disso, ofereço o poema “Antífona”, do livro Broquéis (poemas) e, na sequência, o texto “Tintas Marinhas”, do livro Missal (prosa). Além disso, trago a tela “Impressão, nascer do sol”, de Claude Monet, para a apreciação na interface com os dois textos escolhidos.

Leia e responda.

TEXTO 1



(Broquéis, de Cruz e Sousa).

01.  Que característica marcante do escritor Cruz e Sousa aparece no poema Antífona?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

02.  Que figura de som se evidencia no poema “Antífona”? Destaque o fragmento e explique a relevância dessa característica.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Leia e responda:

 

SIMBOLISMO

PARNASIANISMO

Subjetivismo;

Linguagem vaga, fluida, que busca sugerir em vez de nomear;

Misticismo, religiosidade.

Objetivismo;

Linguagem precisa, objetiva, sofisticada;

 

Paganismo greco-latino.

 

03.  Tendo em vista as informações do quadro acima, que diferença marcante há entre a produção parnasiana e os textos do Simbolismo (considere os TEXTOS 1 e 2)? Exemplifique.

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Leia e responda.

TEXTO 2



(Missal, de Cruz e Sousa)

04.  A partir da leitura do texto “Tintas Marinhas”, de Cruz e Sousa, explique a ocorrência de sinestesia.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

05.  Apesar de “Tintas Marinhas” (do livro Missal) ser um texto em prosa, que imagens poéticas podem ser extraídas dessa composição?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

 

Observe a tela, compare com o TEXTO 2 e responda.





06.  Que relação simbólica pode ser estabelecida entre o texto “Tintas Marinhas”, de Cruz e Sousa e a tela “Impressão, nascer do sol”, de Claude Monet?

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PARTE 2 

01. Leia os seguintes versos:

Mais claro e fino do que as finas pratas

O som da tua voz deliciava...

Na dolência velada das sonatas

Como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas

Em lânguida espiral que iluminava,

Brancas sonoridades de cascatas...

Tanta harmonia melancolizava.

(SOUZA, Cruz e. “Cristais”, in Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p. 86.)

Assinale a alternativa que reúne as características simbolistas presentes no texto:

a) Sinestesia, aliteração, sugestão.

b) Clareza, perfeição formal, objetividade.

c) Aliteração, objetividade, ritmo constante.

d) Perfeição formal, clareza, sinestesia.

e) Perfeição formal, objetividade, sinestesia.

02. Leia e responda.

Ficávamos sonhando horas inteiras,

Com os olhos cheios de visões piedosas:

Éramos duas virginais palmeiras,

Abrindo ao céu as palmas silenciosas.

As nossas almas, brancas, forasteiras,

No éter sublime alavam-se radiosas.

Ao redor de nós dois, quantas roseiras…

O áureo poente coroava-nos de rosas.

Era um arpejo de harpa todo o espaço:

Mirava-a longamente, traço a traço,

No seu fulgor de arcanjo proibido.

Surgia a lua, além, toda de cera…

Ai como suave então me parecera

A voz do amor que eu nunca tinha ouvido!

(Alphonsus de Guimaraens)

O texto exemplifica o seguinte princípio estético:

a) Sempre haverá uma poesia popular sem arte, e poetas populares sem apuro gramatical e métrico, versejando com o falar da gente rústica.

b) … jamais se deve arriscar o emprego de qualquer locução ambígua; sigo, como de costume, na esteira de Quintiliano (…)

c) Movimento de oposição à ordem estabelecida do Iluminismo, reúne um grupo de escritores para o qual o “gênio” se torna a palavra de ordem capaz de possibilitar a rejeição à disciplina e à tradição importada.

d) A busca de vagas sensações, dos estados indefinidos de alma, fazendo que a poesia se aproxime da música, tem como intuito “traduzir” um mundo de essências, um mais além, ora conhecido como o Ideal, ora como o Mistério, intraduzível por si mesmo.

e) Porém declaro desde já que não olhei regras nem princípios, que não consultei Horácio nem Aristóteles, mas fui insensivelmente depós o coração e os sentimentos da Natureza, que não pelos cálculos da arte e operações combinadas do espírito.

03. A questão a seguir refere-se ao texto adiante. Analise-a e assinale a alternativa incorreta.

Litania dos Pobres

(Cruz e Souza)

01-Os miseráveis, os rotos

São as flores dos esgotos

São espectros implacáveis

Os rotos, os miseráveis.

05-São prantos negros de furnas

Caladas, mudas, soturnas.

São os grandes visionários

Dos abismos tumultuários.

As sombras das sombras mortas,

10-Cegos, a tatear nas portas.

Procurando os céus, aflitos

12-E varando os céus de gritos.

Inúteis, cansados braços

Mãos inquietas, estendidas.

a) Na terceira estrofe há elipse do sujeito.

b) A quinta estrofe só se estende como havendo elipse do sujeito e do verbo.

c) 'A tatear'(v.10) tem valor de 'que tateiam', é oração adjetiva.

d) A vírgula após 'cegos' (v.10) é dispensável.

e) 'de'(v.12) indica posse.

04. Identifique nos versos finais do poema “O assinalado”, de Cruz e Sousa citados os elementos que caracterizam a poesia simbolista do autor. Depois assinale a alternativa correta.

“Tu és o Poeta, o grande Assinalado

que povoas o mundo despovoado,

de belezas eternas, pouco a pouco.

Na Natureza prodigiosa e rica

Toda a audácia dos nervos justifica

Os teus espasmos imortais de louco!”

a) A poesia é criação de belezas eternas.

b) A poesia é a linguagem que provoca a loucura do poeta.

c) O poeta se distingue dos mortais comuns porque é louco.

d) A natureza oculta a loucura do poeta.

e) O poeta á assinalado porque contribui para povoar o mundo.

05. Leia e responda.

O Estilo

(Cruz e Sousa)

“O estilo é o sol da escrita. Dá-lhe eterna palpitação, eterna vida. Cada palavra é como que um tecido do organismo do período. No estilo há todas as gradações da luz, toda a escala dos sons.

O escritor é psicólogo, é miniaturista, é pintor - gradua a luz, tonaliza, esbate e esfuminha os longes da paisagem.

Toda a força e toda a profundidade do estilo está em saber apertar a frase no pulso, domá-la, não a deixar disparar pelos meandros da escrita.

O vocábulo pode ser música ou pode ser trovão, conforme o caso. A palavra tem a sua autonomia; e é preciso uma rara percepção estética, uma nitidez visual, olfativa, palatal e acústica, apuradíssima, para a exatidão da cor, da forma e para a sensação do som e do sabor da palavra.”

O texto expressa a visão de Cruz e Souza acerca da habilidade necessária ao escritor no que se refere ao estilo. ____________, poema de sua autoria que abre a obra intitulada _________, pode ser considerado um exemplo de tais ideias.

a) Acrobata da Dor - Missal

b) Vida Obscura - Broquéis

c) Sorriso Interior - Faróis

d) Violões que Choram - Missal

e) Antífona - Broquéis

06. Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas do texto inicial.

Pode-se afirmar que a poesia .................. não teve, entre nós, a mesma repercussão que teve na Europa. De qualquer modo, essa poética voltada para as sonoridades, os amplos espaços, o Absoluto, o desejo do infinito, e estilisticamente apoiada em sinestesias, enumerações, assonâncias e aliterações, permitiu a ..................... consagrar-se com seus versos.

a) pré-romântica - Casimiro de Abreu.

b) pré-modernista - Raimundo Correia.

c) neoclássica - Basílio da Gama.

d) simbolista - Cruz e Sousa.

e) parnasiana - Machado de Assis.

07. Com base na leitura de Broquéis, de Cruz e Sousa, é INCORRETO afirmar que se trata de uma poesia

a) de tendência naturalista, que se compraz na descrição mórbida dos sentimentos, embora mostre otimismo em relação ao homem.

b) próxima da música, não apenas no plano temático, mas, sobretudo, no trabalho detalhista da sonoridade.

c) abstrata, pois se afasta de situações cotidianas e, além disso, exprime um intenso sentimento de dor e de angústia.

d) de atmosfera intensamente misteriosa, criada pelo forte impulso de transfiguração da realidade imediata. 

e) a aliteração, o misticismo e a espiritualidade fazem parte das características da obra.

08. Leia e responda

Considere os versos que seguem.

Chorai, arcadas

Do violoncelo!

Convulsionadas

Pontes aladas

De pesadelo …

Trêmulos astros…

Solidões lacustres…

— Lemes e mastros…

E os alabastros

Dos balaústres!

(Camilo Pessanha)

Indique a alternativa correta.

a) Valoriza recursos estilísticos como o ritmo e a sonoridade, características da poesia simbolista.

b) Retoma da poesia palaciana a redondilha maior, os versos brancos e a estrutura paralelística.

c) Apresenta nítida influência da poesia Modernista, por causa da presença de versos curtos e da temática onírica.

d) Reforça a ideia do sofrimento amoroso, de nítida influência romântica.

e) Verificam-se características típicas do estilo neoclássico com a presença de linguagem rebuscada.

09. Leia e responda

Vida obscura

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,

ó ser humilde entre os humildes seres,

embriagado, tonto de prazeres,

o mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro

a vida presa a trágicos deveres

e chegaste ao saber de altos saberes

tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sentimento inquieto,

magoado, oculto e aterrador, secreto,

que o coração te apunhalou no mundo,

Mas eu que sempre te segui os passos

sei que cruz infernal prendeu-te os braços

e o teu suspiro como foi profundo!

SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em

a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.

b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.

c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.

d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.

e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

10. Leia e responda

Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

Soluçando nas trevas, entre as grades

Do calabouço olhando imensidades,

Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza

Quando a alma entre grilhões as liberdades

Sonha e, sonhando, as imortalidades

Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas

Nas prisões colossais e abandonadas,

Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura /Fundação Banco do Brasil, 1993.

 

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são

a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.

b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.

c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.

d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.

e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

 

ARCADISMO - SETECENTISMO OU NEOCLASSICISMO

🙋1o. ANO => ENSINO MÉDIO => ARCADISMO 

01.    Leia com atenção:

"A poesia desta época, localizada em fins do século XVIII e início do XIX, caracteriza-se pelo lirismo. Fiéis ao espírito bucólico e pastoril, os poetas adotavam pseudônimos e, em seus textos, falavam e agiam como pastores, tratando de pastoras suas amadas. O mundo greco-romano vem completar o quadro lírico das composições da época".

Assinalar a alternativa que contém o período literário a que se refere o trecho acima:

a) Romantismo

b) Simbolismo

c) Parnasianismo

d) Arcadismo

e) Barroco.

02. Leia e responda:

Texto 1

(Zé Rodrix e Tavito)

Eu quero uma casa no campo

do tamanho ideal

pau-a-pique e sapê

Onde eu possa plantar meus amigos

meus discos

meus livros

e nada mais

Texto 2

(Cláudio Manuel da Costa)

Se o bem desta choupana pode tanto,

Que chega a ter mais preço, e mais valia,

Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;

E o que té agora se tornava em pranto,

Se converta em afetos de alegria.

Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os textos aproximam-se, pois o ideal que defendem é

a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do homem seus melhores sentimentos.

b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais.

c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de inspiração dos poetas.

d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois o tempo passa rapidamente.

e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros urbanos.

 

03. Leia e responda:

Já sobre o coche de ébano estrelado

Deu meio giro a noite escura e feia;

Que profundo silêncio me rodeia

Neste deserto bosque, à luz vedado!

Jaz entre as folhas Zéfiro abafado,

O Tejo adormeceu na lisa areia;

Nem o mavioso rouxinol gorjeia,

Nem pia o mocho, às trevas costumado:

Só eu velo, só eu, pedindo à sorte

Que o fio, com que está minha alma presa

À vil matéria lânguida me corte:

Consola-me este horror, esta tristeza;

Porque a meus olhos se afigura a morte

No silêncio total da natureza.

Bocage

Vocabulário:

coche de ébano: carruagem de madeira escura

jaz: está ou parece morto

mocho: coruja

lânguida: doentia

Está presente no texto o seguinte traço característico da poesia de Bocage:

a) temática religiosa.

b) idealização do “locus amoenus”.

c) quebra dos padrões formais clássicos.

d) supremacia dos efeitos sonoros em detrimento da ideia.

e) linguagem emotivo-confessional.

04. Leia o poema de Bocage:

Olha, Marília, as flautas dos pastores

Que bem que soam, como estão cadentes!

Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes

Os Zéfiros brincar por entre flores?

Vê como ali, beijando-se, os Amores

Incitam nossos ósculos ardentes!

Ei-las de planta em planta as inocentes,

As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira,

Ora nas folhas a abelhinha para,

Ora nos ares, sussurrando, gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!

Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,

Mais tristeza que a morte me causara.

O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, que apresenta, dentre suas características, o bucolismo e a valorização da cultura greco-romana, que estão exemplificados, respectivamente, em

a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marília, as flautas dos pastores.

b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto o rouxinol suspira.

c) Que bem que soam, como estão cadentes!/Os Zéfiros brincar por entre flores?

d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a sorrir- se! Olha, não sentes.

e) Que alegre campo! Que manhã tão clara!/Vê como ali, beijando-se, os Amores.

05. Leia os versos do poeta português Bocage.

Vem, oh Marília, vem lograr comigo

Destes alegres campos a beleza,

Destas copadas árvores o abrigo.

Deixa louvar da corte a vã grandeza;

Quanto me agrada mais estar contigo,

Notando as perfeições da Natureza!

Nestes versos,

a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa da fugacidade do tempo.

b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia características pré-românticas do autor.

c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se aproveitar o tempo presente.

d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto, inacessíveis a ele.

e) o poeta propõe, em linguagem clara, que se aproveite o presente de forma simples junto à natureza.

06. Leia o soneto que se segue, de Cláudio Manuel da Costa.

Pastores, que levais ao monte o gado,

Vede lá como andais por essa serra;

Que para dar contágio a toda a terra,

Basta ver-se o meu rosto magoado:

Eu ando (vós me vedes) tão pesado;

E a pastora infiel, que me fez guerra,

É a mesma, que em seu semblante encerra

A causa de um martírio tão cansado.

Se a quereis conhecer, vinde comigo,

Vereis a formosura, que eu adoro;

Mas não; tanto não sou vosso inimigo:

Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;

Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,

Chorareis, ó pastores, o que eu choro.

Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre esse soneto, exceto:

a) O poema opõe um estilo de vida simples a um estilo de vida dissimulado.

b) A palavra "guerra" enfatiza a recusa da pastora a corresponder aos afetos do poeta.

c) O sentido da visão é o predominante em todas as estrofes do poema.

d) A expressão "para dar contágio a toda a terra" revela a intensidade do sofrimento do pastor.

07. Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas do trecho apresentado.

Simplificando a linguagem lírica de Cláudio Manuel da Costa, mas evitando igualmente a diluição dos valores poéticos no sentimentalismo, as .............. mais densas, dedicadas a ............., fizeram de .............. uma figura central do nosso Arcadismo.

a) crônicas - Marília - Dirceu.

b) crônicas - Gonzaga - Dirceu.

c) sátiras - Dirceu - Gonzaga.

d) liras - Gonzaga - Dirceu.

e) liras - Marília - Gonzaga.

08. Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas do trecho apresentado.

Simplificando a linguagem lírica de Cláudio Manuel da Costa, mas evitando igualmente a diluição dos valores poéticos no sentimentalismo, as .............. mais densas, dedicadas a ............., fizeram de .............. uma figura central do nosso Arcadismo.

a) crônicas - Marília - Dirceu.

b) crônicas - Gonzaga - Dirceu.

c) sátiras - Dirceu - Gonzaga.

d) liras - Gonzaga - Dirceu.

e) liras - Marília - Gonzaga.

09. Leia os seguintes textos, observando que eles descrevem o ambiente natural de acordo com a época a que correspondem, fazendo predominar os aspectos bucólico, cotidiano e irônico, respectivamente:

Texto 1

Marília de Dirceu

Enquanto pasta, alegre, o manso gado,

minha bela Marília, nos sentemos

À sombra deste cedro levantado.

Um pouco meditemos

Na regular beleza,

Que em tudo quanto vive nos descobre

A sábia Natureza.

Atende como aquela vaca preta

O novilhinho seu dos mais separa,

E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.

Atende mais, ó cara,

Como a ruiva cadela

Suporta que lhe morda o filho o corpo,

E salte em cima dela.

(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: Proença Filho, Domício. Org. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1996, p. 605.)

Texto 2

Bucólica nostálgica

Ao entardecer no mato, a casa entre

bananeiras, pés de manjericão e cravo santo,

aparece dourada. Dentro dela, agachados,

na porta da rua, sentados no fogão, ou aí mesmo,

rápidos como se fossem ao Êxodo, comem

feijão com arroz, taioba, ora-pro-nobis,

muitas vezes abóbora.

Depois, café na canequinha e pito.

O que um homem precisa pra falar,

entre enxada e sono: Louvado seja Deus!

(PRADO, Adélia. Poesia Reunida. 2ª- ed. São Paulo: Siciliano, 1992, p. 42.)

Texto 3

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras

Mulheres entre laranjeiras

Pomar amor cantar

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

(ANDRADE, Carlos Drummond. Obra Completa. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1967, p. 67.)

Assinale a alternativa referente aos respectivos momentos literários a que correspondem os três textos:

a) Romântico, contemporâneo, modernista.

b) Barroco, romântico, modernista.

c) Romântico, modernista, contemporâneo.

d) Árcade, contemporâneo, modernista.

e) Árcade, romântico, contemporâneo.

10. No Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles recria poeticamente os acontecimentos históricos de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta mesma época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga.

O fragmento a seguir foi extraído da Carta 2 em que Critilo (Gonzaga), dirigindo-se ao seu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarrão Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador de Minas).

Aquele, Doroteu, que não é Santo

Mas quer fingir-se Santo aos outros homens,

Pratica muito mais, do que pratica,

Quem segue os sãos caminhos da verdade.

Mal se põe nas Igrejas, de joelhos,

Abre os braços em cruz, a terra beija,

Entorta o seu pescoço, fecha os olhos,

Faz que chora, suspira, fere o peito;

E executa outras muitas macaquices,

Estando em parte, onde o mundo as veja.

(GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 68-69).

Considerando as informações apresentadas e esse fragmento poético, é correto afirmar:

a) O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer uso de um tom irônico.

b) O autor critica algumas atitudes do governador de Minas, julgando-as dissimuladas.

c) O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de Minas, sem apresentar um posicionamento crítico.

d) O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é observado nesse fragmento, pois, aqui, há apenas a descrição das práticas religiosas do Fanfarrão Minésio.

e) O autor chama a atenção para o fato de que o governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos fiéis.

11. Leia e responda:

Ornemos nossas testas com as flores,

e façamos de feno um brando leito;

prendamo-nos, Marília, em laço estreito,

 

(...) aproveite-se o tempo, antes que faça

o estrago de roubar ao corpo as forças

e ao semblante a graça.

Tomás Antônio Gonzaga

No quarto verso acima,

a) no fragmento, o eu-lírico, ao destacar a passagem do tempo e a efemeridade da vida, revela o princípio latino carpe diem.

b) que retomam tema e estrutura de uma “canção de amigo”, está expresso o estado de alma de quem sente a ausência do ser amado.

c) nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu-lírico, a prima a quem se poderiam fazer convites para um passeio pela cidade.

d) em que se notam diálogo e estrutura paralelística, o ponto de vista dominante é o do moço que vê seus sentimentos antagônicos refletidos na natureza.

e) a natureza é o espaço onde o eu lírico se sente à vontade para passear e a cidade o melhor lugar para viver.

12. Leia mais uma vez o texto da questão anterior (transcrito abaixo) e responda

Ornemos nossas testas com as flores,

e façamos de feno um brando leito;

prendamo-nos, Marília, em laço estreito,

 

(...) aproveite-se o tempo, antes que faça

o estrago de roubar ao corpo as forças

e ao semblante a graça.

Tomás Antônio Gonzaga

Quanto ao estilo, os versos

a) revelam a presença não só de formas mais exageradas de inversão sintática - hipérbatos -, como também de comparações excessivas, resíduos do estilo cultista.

b) comprovam a predileção pelo verso branco e pela ordem direta da frase, característicos da naturalidade desejada pelos poetas do Arcadismo.

c) denotam - pela singeleza do vocabulário, pela sintaxe quase prosaica - a vontade de alcançar a simplicidade da linguagem, em oposição à artificialidade do Barroco.

d) organizam-se em torno de antíteses, na busca de caracterizar, em atitude pré-romântica, o amor ideal e a pureza do lavor da terra.

e) constroem-se pelo desdobramento contínuo de imagens, compondo um quadro em que a emoção é tratada de modo abstrato, de acordo com a convenção árcade.