sábado, 19 de agosto de 2023

EM DIA COM O ENEM - QUESTÕES ESTUDADAS NA AULA PASSADA - 3o ANO - ENSINO MÉDIO



3o ANO - ENSINO MÉDIO 

EM DIA COM O ENEM: ATIVIDADE DO DIA 18/8/2023.

Agora, confira o gabarito da atividade da aula do dia 18/8/2023. 

Lembre-se de que João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife-PE, em 1920 e faleceu no Rio de Janeiro - RJ, em outubro de 1999. Entre suas obras, destacamos os seguintes livros: (a) Pedra do Sono (1942);(b) O Engenheiro (1945); (c) Psicologia da Composição com a Fábula de Anfíon e Anteode (1947); (d) O Cão sem Plumas (1950); (e) Morte e Vida Severina (1955); (f) A Educação pela Pedra (1966); Auto do Frade (1984) e outros.

1. (Enem 2017)

Dois parlamentos

Nestes cemitérios gerais

não há morte pessoal.

Nenhum morto se viu

com modelo seu, especial.

Vão todos com a morte padrão, em série fabricada.

Morte que não se escolhe

e aqui é fornecida de graça.

Que acaba sempre por se impor sobre a que já medrasse.

Vence a que, mais pessoal,

alguém já trouxesse na carne.

Mas afinal tem suas vantagens

esta morte em série.

Faz defuntos funcionais,

próprios a uma terra sem vermes.

MELO NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).

A lida do sertanejo com suas adversidades constitui um viés temático muito presente em João Cabral de Melo Neto. No fragmento em destaque, essa abordagem ressalta o(a)

A) inutilidade de divisão social e hierárquica após a morte.

B) aspecto desumano dos cemitérios da população carente.

C) nivelamento do anonimato imposto pela miséria na morte.

D) tom de ironia para com a fragilidade dos corpos e da terra.

E) indiferença do sertanejo com a ausência de seus próximos.

Graciliano Ramos nasceu em Alagoas (1892) e faleceu aos 60 anos, em 1953. Queremos destacar do autor nordestino as seguintes produções: (a) Caetés (1933); (b) São Bernardo (1934) - cujo trecho pode ser conferido na questão abaixo; (c) Angústia (1936); (d) Vidas Secas (1938); Memórias do Cárcere (1953) e muitos outros livros.

2. (Enem 2017)

Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca e engolem tudo.

Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas seguintes.

Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.

-- Minhas senhoras, Seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça.

Como a justiça era cara, não foram à justiça.

E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz.

Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira.

Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Godim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me cem mil réis.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1990.

O trecho, de São Bernardo, apresenta um relato de Paulo Honório, narrador-personagem, sobre a expansão de suas terras. De acordo com esse relato, o processo de prosperidade que o beneficiou evidencia que ele

A) revela-se um empreendedor capitalista pragmático que busca o êxito em suas realizações a qualquer custo, ignorando princípios éticos e valores humanitários.

B) procura adequar sua atividade produtiva e função de empresário às regras do Estado democrático de direito, ajustando o interesse pessoal ao bem da sociedade.

C) relata aos seus interlocutores fatos que lhe ocorreram em um passado distante, e enumera ações que põem em evidência as suas muitas virtudes de homem do campo.

D) demonstra ser um homem honrado, patriota e audacioso, atributos ressaltados pela realização de ações que se ajustam ao princípio de que os fins justificam os meios.

E) amplia o seu patrimônio graças ao esforço pessoal, contando com a sorte e a capacidade de iniciativa, sendo um exemplo de empreendedor com responsabilidade social.

Murilo Mendes nasceu em Minas Gerais em 1901 e faleceu em Lisboa, em 1975.Escreveu: (a) Bumba-meu-poeta (1931); (b) As Metamorfoses - com ilustrações de Portinari (1944); (c) Poliedro (1972); (d) Marrakech (1974) e outros. 

3. (Enem 2017)

O farrista

Quando o almirante Cabral

Pôs as patas no Brasil

O anjo da guarda dos índios Estava passeando em Paris. Quando ele voltou de viagem

O holandês já está aqui.

O anjo respira alegre:

“Não faz mal, isto é boa gente,

Vou arejar outra vez”

O anjo transpôs a barra,

Diz adeus a Pernambuco,

Faz barulho, vuco-vuco,

Tal e qual o zepelim

Mas deu um vento no anjo,

Ele perdeu a memória...

E não voltou nunca mais.

MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.

A obra de Murilo mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que

A) configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.

B) remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.

C) repercute as manifestações do sincretismo religioso.

D) descreve a gênese da formação do povo brasileiro.

E) promove inovações no repertório linguístico.

Manuel Bandeira nasceu em Recife - PE, em 1886 e faleceu no Rio de Janeiro em 1968. Entre suas obras, destacamos: (a) A Cinza da Horas (1917); (b) Carnaval (1919); (c) O Ritmo Dissoluto (1924); (d) Libertinagem (1930); (e) Estrela da Manhã (1936); (f) Mafuá do Malungo (1948); (g) Estrela da Tarde (1960); (h) Estrela da Vida Inteira (1968) e outros livros.

4. (Enem 2016)

Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava

no morro da Babilônia num barracão sem número.

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.

No Poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de elementos da função referencial da linguagem pela

A) atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada em jornal.

B) utilização de frases curtas, características de textos do gênero jornalístico.

C) indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da cena narrada.

D) enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à personagem do texto.

E) apresentação de elementos próprios da notícia, tais como quem, onde, quando e o quê.

Mário de Andrade nasceu em São `Paulo, em 1893 e faleceu no mesmo estado, em 1945. Escreveu: (a) Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917); (b) Pauliceia Desvairada (1922); (c)  Losango Cáqui (1926); (d) Clã do Jabuti (1927); (e) A Escrava que não é Isaura (1925); (f) Lira Paulistana (1946); (g) Amar, Verbo Intransitivo (1927); (h) Macunaíma (1928) e outros livros igualmente importantes.

5. (Enem 2016)

O bonde abre a viagem,

No banco ninguém,

Estou só, stou sem.

Depois sobe um homem,

No banco sentou,

Companheiro vou.

O bonde está cheio,

De novo porém

Não sou mais ninguém.

ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Vila Rica, 1993.

O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entre

A) a solidão e a multidão.

B) a carência e a satisfação.

C) a mobilidade e a lentidão.

D) a amizade e a indiferença.

E) a mudança e a estagnação.

6. (Enem 2016)

Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo

Na minha casa da rua Lopes Chaves

De sopetão senti um friúme por dentro.

Fiquei trêmulo, muito comovido

Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus! Muito longe de mim,

Na escuridão ativa da noite que caiu,

Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu...

ANDRADE, M. Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987.

O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção poética problematiza a representação nacional a fim de

A) resgatar o passado indígena brasileiro.

B) criticar a colonização portuguesa no Brasil.

C) defender a diversidade social e cultural brasileira.

D) promover a integração das diferentes regiões do país.

E) valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros

Adélia Prado nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935. Hoje, com 87 anos, a escritora é detentora de uma obra que envolve poesia e prosa. Entre os seus livros, destacamos: (a) Bagagem, Imago (1976); (b) A Duração do Dia (2010); (c) Cacos para um vitral - romance - (1980); (d) Carmela vai à Escola (2011) e muitos outros.

7. (Enem 2016)

Casamento

Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como “este foi difícil” “prateou no ar dando rabanadas”

e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.

O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma

A) expectativa do marido em relação à esposa.

B) imposição dos afazeres conjugais.

C) disposição para realizar tarefas masculinas.

D) dissonância entre as vozes masculina e feminina.

E) forma de consagração da cumplicidade no casamento.

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