3o ANO - ENSINO MÉDIO
EM DIA COM O ENEM: ATIVIDADE DO DIA 18/8/2023.
Agora, confira o gabarito da atividade da aula do dia 18/8/2023.
Lembre-se de que João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife-PE, em 1920 e faleceu no Rio de Janeiro - RJ, em outubro de 1999. Entre suas obras, destacamos os seguintes livros: (a) Pedra do Sono (1942);(b) O Engenheiro (1945); (c) Psicologia da Composição com a Fábula de Anfíon e Anteode (1947); (d) O Cão sem Plumas (1950); (e) Morte e Vida Severina (1955); (f) A Educação pela Pedra (1966); Auto do Frade (1984) e outros.
1.
(Enem 2017)
Dois
parlamentos
Nestes
cemitérios gerais
não
há morte pessoal.
Nenhum
morto se viu
com
modelo seu, especial.
Vão
todos com a morte padrão, em série fabricada.
Morte
que não se escolhe
e
aqui é fornecida de graça.
Que
acaba sempre por se impor sobre a que já medrasse.
Vence
a que, mais pessoal,
alguém
já trouxesse na carne.
Mas
afinal tem suas vantagens
esta
morte em série.
Faz
defuntos funcionais,
próprios
a uma terra sem vermes.
MELO
NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997
(fragmento).
A lida do sertanejo com suas
adversidades constitui um viés temático muito presente em João Cabral de Melo
Neto. No fragmento em destaque, essa abordagem ressalta o(a)
A)
inutilidade de divisão social e hierárquica após a morte.
B)
aspecto desumano dos cemitérios da população carente.
C)
nivelamento do anonimato imposto pela miséria na morte.
D)
tom de ironia para com a fragilidade dos corpos e da terra.
E)
indiferença do sertanejo com a ausência de seus próximos.
Graciliano Ramos nasceu em Alagoas (1892) e faleceu aos 60 anos, em 1953. Queremos destacar do autor nordestino as seguintes produções: (a) Caetés (1933); (b) São Bernardo (1934) - cujo trecho pode ser conferido na questão abaixo; (c) Angústia (1936); (d) Vidas Secas (1938); Memórias do Cárcere (1953) e muitos outros livros.
2. (Enem 2017)
Tenho
visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos
preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca
e engolem tudo.
Eu
não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a
ser-me favorável nas seguintes.
Depois
da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do
ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.
--
Minhas senhoras, Seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto.
E quem não gostar, paciência, vá à justiça.
Como
a justiça era cara, não foram à justiça.
E
eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a
dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando direito. Respeitei o engenho do
Dr. Magalhães, juiz.
Violências
miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro,
graças às chicanas de João Nogueira.
Efetuei
transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção
aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a
pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma
estrada de rodagem. Azevedo Godim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me
patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota
na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em
consequência mordeu-me cem mil réis.
RAMOS, G. São
Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1990.
O
trecho, de São Bernardo, apresenta um relato de Paulo Honório,
narrador-personagem, sobre a expansão de suas terras. De acordo com esse
relato, o processo de prosperidade que o beneficiou evidencia que ele
A) revela-se um empreendedor capitalista
pragmático que busca o êxito em suas realizações a qualquer custo, ignorando
princípios éticos e valores humanitários.
B) procura adequar sua atividade
produtiva e função de empresário às regras do Estado democrático de direito, ajustando
o interesse pessoal ao bem da sociedade.
C) relata aos seus interlocutores fatos
que lhe ocorreram em um passado distante, e enumera ações que põem em evidência
as suas muitas virtudes de homem do campo.
D) demonstra ser um homem honrado, patriota
e audacioso, atributos ressaltados pela realização de ações que se ajustam ao
princípio de que os fins justificam os meios.
E) amplia o seu patrimônio graças ao
esforço pessoal, contando com a sorte e a capacidade de iniciativa, sendo um
exemplo de empreendedor com responsabilidade social.
Murilo Mendes nasceu em Minas Gerais em 1901 e faleceu em Lisboa, em 1975.Escreveu: (a) Bumba-meu-poeta (1931); (b) As Metamorfoses - com ilustrações de Portinari (1944); (c) Poliedro (1972); (d) Marrakech (1974) e outros.
3. (Enem 2017)
O farrista
Quando o almirante Cabral
Pôs as patas no Brasil
O anjo da guarda dos índios Estava
passeando em Paris. Quando ele voltou de viagem
O holandês já está aqui.
O anjo respira alegre:
“Não faz mal, isto é boa gente,
Vou arejar outra vez”
O anjo transpôs a barra,
Diz adeus a Pernambuco,
Faz barulho, vuco-vuco,
Tal e qual o zepelim
Mas deu um vento no anjo,
Ele perdeu a memória...
E não voltou nunca mais.
MENDES, M. História
do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
A obra de Murilo
mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas
transparecem, no poema, por um eu lírico que
A) configura um ideal de nacionalidade
pela integração regional.
B) remonta ao colonialismo assente sob
um viés iconoclasta.
C) repercute as manifestações do
sincretismo religioso.
D) descreve a gênese da formação do povo
brasileiro.
E) promove inovações no repertório
linguístico.
Manuel Bandeira nasceu em Recife - PE, em 1886 e faleceu no Rio de Janeiro em 1968. Entre suas obras, destacamos: (a) A Cinza da Horas (1917); (b) Carnaval (1919); (c) O Ritmo Dissoluto (1924); (d) Libertinagem (1930); (e) Estrela da Manhã (1936); (f) Mafuá do Malungo (1948); (g) Estrela da Tarde (1960); (h) Estrela da Vida Inteira (1968) e outros livros.
4. (Enem 2016)
Poema tirado de uma
notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira
livre e morava
no morro da Babilônia num barracão sem
número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de
Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois
se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
BANDEIRA, M. Estrela
da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
No Poema de Manuel Bandeira, há uma
ressignificação de elementos da função referencial da linguagem pela
A) atribuição de título ao texto com
base em uma notícia veiculada em jornal.
B) utilização de frases curtas,
características de textos do gênero jornalístico.
C) indicação de nomes de lugares como
garantia da veracidade da cena narrada.
D) enumeração de ações, com foco nos
eventos acontecidos à personagem do texto.
E) apresentação de elementos próprios da
notícia, tais como quem, onde, quando e o quê.
Mário de Andrade nasceu em São `Paulo, em 1893 e faleceu no mesmo estado, em 1945. Escreveu: (a) Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917); (b) Pauliceia Desvairada (1922); (c) Losango Cáqui (1926); (d) Clã do Jabuti (1927); (e) A Escrava que não é Isaura (1925); (f) Lira Paulistana (1946); (g) Amar, Verbo Intransitivo (1927); (h) Macunaíma (1928) e outros livros igualmente importantes.
5. (Enem 2016)
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias
completas. Belo Horizonte: Vila Rica, 1993.
O desenvolvimento das
grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos
geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No
poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole
aparece representada pela contraposição entre
A) a solidão e a multidão.
B) a carência e a satisfação.
C) a mobilidade e a lentidão.
D) a amizade e a indiferença.
E) a mudança e a estagnação.
6. (Enem 2016)
Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no norte,
meu Deus! Muito longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem pálido, magro de cabelos
escorrendo nos olhos Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco
se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu...
ANDRADE, M. Poesias
completas. São Paulo: Edusp, 1987.
O poema Descobrimento, de Mário
de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores
modernistas. Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção
poética problematiza a representação nacional a fim de
A) resgatar o passado indígena
brasileiro.
B) criticar a colonização portuguesa no
Brasil.
C) defender a diversidade social e
cultural brasileira.
D) promover a integração das diferentes
regiões do país.
E) valorizar a Região Norte, pouco
conhecida pelos brasileiros
Adélia Prado nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935. Hoje, com 87 anos, a escritora é detentora de uma obra que envolve poesia e prosa. Entre os seus livros, destacamos: (a) Bagagem, Imago (1976); (b) A Duração do Dia (2010); (c) Cacos para um vitral - romance - (1980); (d) Carmela vai à Escola (2011) e muitos outros.
7. (Enem 2016)
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me
levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e
salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na
cozinha,
de vez em quando os cotovelos se
esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a
primeira vez
atravessa a cozinha como um rio
profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
PRADO, A. Poesia
reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.
O poema de Adélia Prado, que segue a
proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação
de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma
A) expectativa do marido em relação à
esposa.
B) imposição dos afazeres conjugais.
C) disposição para realizar tarefas
masculinas.
D) dissonância entre as vozes masculina
e feminina.
E) forma de consagração da cumplicidade
no casamento.
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